Foram 15 minutos de horror e incertezas. Reféns, 30 passageiros e o motorista da linha semidireta Porto Alegre/Novo Hamburgo, da empresa Central, ficaram sob
a mira de um revólver na tarde de sábado, 2 de março. Foi o primeiro caso registrado pela empresa neste ano.

O drama começou quando o ônibus, que seguia pela BR-290, chegou próximo à Arena do Grêmio. Nesse ponto, às 14h15min, um homem branco, aparentando 30 anos, cerca de 1,68m, cabelos e olhos castanhos, levantou-se. Saindo do fundo do veículo, rendeu um a um os passageiros, colocando a arma na cabeça e gritando:

- Tenho nada a perder! Tô louco pra matar!

Em poucos minutos, o arrastão estava completo. Em uma sacola, recolheu celulares, dinheiro e câmeras fotográficas, dos passageiros e do motorista. O ladrão, que vestia camiseta vermelha, bermuda bege, óculos de sol, tênis e boné, havia ingressado no Terminal do Camelódromo, junto com os demais usuários. E já havia pago a passagem.

Câmeras serão solicitadas

- Ele gritava a todo momento que estava com Aids. Dizia que ia atirar, que era foragido e que matar mais um não fazia diferença. Parecia estar sob efeito de drogas - disse um passageiro, que pediu para não ser identificado.

Perto de Canoas, uma viatura da Brigada passou o ônibus. Imediatamente, o criminoso apontou a arma para o motorista e gritou que o mataria caso fizesse sinal para os PMs. Já na BR-116, ordenou que seguisse a viagem. Na altura de um posto BR, ocorreu uma cena inusitada. O criminoso passou a sacola a um passageiro, ordenando que a amarrasse. Em seguida, deu-lhe R$ 50.

- Toma, tu foi legal comigo - justificou.

Após passar pelo viaduto antes da Praça do Avião, em Canoas, mandou o motorista parar e saltou do ônibus, avisando que roubaria um carro. Não foi mais visto.

- Foram 15 minutos de puro terror - resumiu outro passageiro.

O motorista e 19 passageiros registraram ocorrência na DPPA de Canoas. Até a tarde de sexta, a 1ª DP da cidade, que ficará encarregada da investigação, não tinha novidades. Segundo a Central Transportes, a Polícia Rodoviária Federal também foi comunicada por ofício na quinta-feira. A empresa pedirá as imagens das câmeras de segurança do Camelódromo para tentar identificar o assaltante.

Na Capital, situação parecida

Sexta-feira, em Porto Alegre, 14 pessoas passaram por problema bem parecido: um criminoso atacou o ônibus executivo da empresa Viamão e fugiu com todos os pertences que conseguiu carregar.

- Ele foi violento, não chegou a colocar o revólver na minha cabeça, mas ameaçou me matar mais de uma vez - conta o motorista João Paulo Lemos, 33 anos.

O veículo saiu da Avenida Cristóvão Colombo, no Bairro Floresta. O condutor não tem certeza se o assaltante ingressou no local ou ao longo do caminho. Na Avenida Ipiranga, perto do Ginásio da Brigada, a luz de aquecimento do painel se acendeu. João Paulo estacionou o veículo. Um passageiro bem vestido, com cerca de 1,68m, 22 anos, branco, saiu do ônibus e puxou assunto com o motorista.

- Ele perguntou o que estava ocorrendo. Expliquei que o motor tinha aquecido demais e, então, ele anunciou o assalto. De arma em punho, não permitiu que os passageiros descessem e me fez arrancar de novo, mesmo com chance de o motor fundir - relata a vítima.

O ladrão obrigou o motorista a sair da rota e entrar na Rua Vicente da Fontoura, Bairro Santana. Rapidamente, coletou celulares, relógios e carteiras dos 13 passageiros. Desceu e fugiu a pé pela Avenida Ipiranga, no sentido do Loteamento São Pedro. Como a empresa não deixa troco no caixa, levou pouco mais de
R$ 50 das passagens - a tarifa é de R$ 5,60.

O veículo possui câmeras de monitoramento, que devem ser utilizadas pela polícia para tentar identificar o criminoso.