Polícia



Título indesejável

Cuide a Kombi. Ou vão levar!

Fabricado no Brasil desde 1957, veículo é o mais furtado do Rio Grande do Sul, com média de um caso a cada três dias. Maior parte vai parar em desmanches

05/04/2013 - 07h16min

Atualizada em: 05/04/2013 - 07h16min


Do carro restaurado, só sobrou a foto no celular

Ter uma Kombi e estacionar nos Bairros Petrópolis, Rubem Berta e Sarandi, de segunda a sexta, entre as 18h e 24h. Ter um Gol e, nas mesmas noites e bairros, trafegar pelas rua. Nos dois casos, o dono do veículo é fortíssimo candidato a fazer parte de uma estatística cruel: ter o veículo levado por ladrões em Porto Alegre.

Inexperientes e mais perigosos

De acordo com os dados da Polícia Civil, os dois automóveis da Volkswagen são líderes na preferência dos ladrões. Os números apontam o mapa de onde ocorre a maior incidência deste tipo de crime, o mais propenso a se transformar em latrocínio (roubo com morte).

- Há muitos ladrões inexperientes no mercado, muitos jovens que, até por nervosismo, podem atirar em quem eles entenderem que não querem entregar o veículo - lembra o titular da Delegacia de Roubo de Veículos (DRV), delegado Juliano Ferreira.

Dois furtos em uma semana

No ano passado, 112 gaúchos tiveram uma Kombi levada pelos gatunos - média de quase uma a cada três dias. Este ano, a polícia ainda não tem o levantamento. Mas nada indica que tenha havido mudança. Que o diga o manobrista e segurança Rui Fernando Mastroberte, 42 anos.

Morador do Bairro Vila Nova, na Zona Sul, ele estava cabisbaixo na Sexta-Feira Santa, dia 29 de março. Uma semana antes, haviam levado seu Escort XR3 1989, na frente de casa. Doeu perder o carro que ele tanto se esmerou para reformar. Sobrou-lhe a Kombi, também 1989, outra que ele acabara de restaurar. Chegou do trabalho, estacionou na frente de casa, entrou para tomar banho. Iria aproveitar a noite do feriado para sair com a família. Não haviam se passado dez minutos quando sua mãe gritou: estavam levando a Kombi.

- Saí correndo, mas nem vi para que lado foram. Fiz algumas buscas, fui até Cachoeirinha e Viamão, mas nada achei. Moro aqui há 30 anos e nunca tinha visto esse tipo de coisa. Antigamente, eu até deixava os carros abertos. Agora, a coisa está assim - lamenta.

Prejuízo de mais de R$ 12 mil

Rui fez ocorrência dos dois veículos na 13ª DP. Mas tem pouquíssimas esperanças de reaver os bens, que somados custam cerca de R$ 12 mil - foram pelo menos R$ 5 mil que ele gastou na reforma da Kombi.

Os números

Os mais furtados
● Kombi
● Gol
● Uno

Bairros mais visados
● Petrópolis
● Sarandi
● Rubem Berta

● De segunda a sexta, a média ficou entre dez e 11 furtos. Aos sábados e domingos,
entre nove e dez. Foram 3.652 casos de furto em 2012.

Horário dos furtos
● 58,5% são levados entre as 6h01min e às 18h. Entre 18h01min e 24h, são mais
26%. Só 15,5% ocorrem entre 0h01min e 6h.

Informações: dados da Polícia Civil, referentes a 2012 na Capital.
Média/dia

É pau para toda obra!

A Kombi era, até este ano, o mais antigo veículo em linha no país. Sua produção começou em 1957, em São Bernardo do Campo (SP). Na Alemanha, surgiu em 1950. Este ano, a Volks suspendeu sua fabricação.

São mais de 1,5 milhão de unidades vendidas no Brasil - menos de 15 mil em 2012. Simples e robusta, atrai uma legião de fãs. Mas a maior parte dos usuários é formada por pequenos comerciantes que carregam todo o tipo de carga ou, então, a transformam em lanchonetes ambulantes.

Velhinhos na mira

Basicamente, carros fabricados antes do ano 2000 são mais furtados que os mais novos. Isso porque, geralmente, o sistema para fazer o veículo funcionar (a chamada ligação direta) é bem mais simples.

Eles são vendidos para desmanches, em média, por R$ 1 mil. No caso da Kombi, se estiver em bom estado, há ainda outro caminho: donos de modelos destruídos compram esses em bom estado, retiram todas as peças e colocam no antigo, legalizado.

Como as peças não são numeradas (exceto o motor e o chassis), fica praticamente impossível serem detectados pela polícia quando o serviço está concluído. Gol e Uno também estão na mira dos ladrões.


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