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Mortes alteram rotina dos taxistas na Capital

Nesta segunda, aparentemente em um trote, uma pessoa ligou para várias companhias, se identificou como o matador e disse que a matança vai continuar

01/04/2013 - 22h04min

Atualizada em: 01/04/2013 - 22h04min


Profissionais entrevistados pelo Diário Gaúcho pensam em abandonar o trabalho como taxista

Logo no início de mais um turno de trabalho, três taxistas se reúnem em um posto de combustíveis na Avenida Ipiranga, Bairro Jardim Botânico. Enquanto abasteciam os carros com gás natural veicular, aproveitavam para fazer um lanche e, claro, falar sobre o assunto que tomou conta da cidade: a morte de três colegas de profissão nas ruas da Capital.

- Falei ainda hoje com meu patrão. Estou pensando em arrumar emprego em uma firma ou escritório. A gente ganha menos, mas é mais seguro. No táxi, a gente não sabe se vai voltar para casa - resumiu o mais novo deles, Juliano Garcia dos Santos, 28 anos e a três na profissão.

Ele trabalha até às 3h no ponto da praça Guia Lopes, no Bairro Teresópolis, Zona Sul. Apesar de nunca ter sido assaltado, só está pegado clientes no ponto fixo ou buscando clientes que têm seu cartão:

- Não estou parando nem para casal. Não vem escrito na cara de ninguém se vai assaltar ou não.

O pensamento é praticamente o mesmo de Sidnei Cabral, 48 anos e dois anos na profissão, a mesma que exercem seus dois irmãos.

- A mãe está apavorada, liga a toda hora - lamenta.

Sidnei teria de trabalhar até as 6h no ponto em frente ao Bourbon da Ipiranga, mas depois que o shopping fecha, à meia noite, ele tem ido para casa. Como tem receio de trabalhar nas madrugadas, não está fazendo dinheiro suficiente. Isso e o medo o fazem pensar em largar a profissão. Nem as corridas feitas pelo convênio telefônico que mantém com uma empresa do ramo deixam seguro.

- Esse cara (assassino) é um serial killer, um psicopata - arriscou.

Nesta segunda, aparentemente em um trote, uma pessoa ligou para várias companhias de táxi, se identificou como o matador e disse que a matança vai continuar.

Dica: perguntar antes

Aos 71 anos, José Cestari é o que se pode chamar de experiente na praça. Com 20 anos de profissão, atualmente trabalha no ponto da rodoviária até o final da noite e dá palestras, até fora do Estado, sobre turismo - em geral, fala de temas como segurança em como atender bem os passageiros. A tática que ele indica aos colegas é perguntar ao passageiro onde ele vai.

- Se o taxista achar que é um lugar muito perigoso, ou o cara demorar demais para dizer onde vai, não precisa pegar corrida. Não tem lei que impeça um taxista de negar uma corrida - adverte.

Ele estudou em Guaíba com Cláudio Gomes, um dos três taxista mortos na madrugada de sábado. No mesmo dia da tragédia, esteve no DML para dar apoio à família. Sobre os crimes, ele está convicto:

- Isso (assassinatos) é coisa de um marginal. Estamos à mercê da violência.


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