Bandidagem
Assaltantes não aliviam nem a grana da passagem em Alvorada
Sequência de assaltos a trabalhadoras na ponte que liga os bairros Umbu e 11 de Abril, em Alvorada, todas as manhãs, apavora moradores da região
Quando notou os três jovens, bem vestidos e com mochilas nas costas, em bicicletas, a empregada doméstica Sônia Correia da Silva, 38 anos, nem desconfiou. Julgou que eram trabalhadores, assim como ela, andando apressados, pouco depois das 6h de quinta, na ponte para pedestres que liga os bairros 11 de Abril e Umbu, em Alvorada. Ela, como tantos outros na região, corria até o ônibus para o trabalho.
Antes que Sônia e a vizinha, a cozinheira Geloci Battista Pecci, 62 anos, percebessem, o trio já estava colado nelas e anunciando um assalto.
- Foi tudo muito rápido. Eles puxaram a minha bolsa e levaram os R$ 5, mais o cartão da passagem, que era só o que eu carregava - lembra Sônia.
Dois dos jovens estavam armados, mas ela esqueceu o risco. Ainda correu atrás deles, tentando recuperar o cartão. Foi inútil.
Trocou bolsa pelo celular
Situação semelhante viveu Geloci. Ela resistiu, segurou a bolsa, e conseguiu argumentar.
- Eu falei a verdade, não tinha nada de valor na bolsa, só a minha passagem para poder trabalhar. O que eu tinha de valor era o celular - conta.
O criminoso ainda olhou para o aparelho, como que avaliando se a "troca" valia a pena. Levou o celular pelo qual Geloci pagou mais de R$ 400. Só terminou a última parcela no mês passado.
- Fui assaltada há dois anos. Naquela vez, era um casal que roubava. Eu registrei a ocorrência e não fizeram nada. Então, dessa vez nem fiz o registro. Acabaria me atrasando para o trabalho - desabafou a cozinheira.
Assim que atacaram Sônia e Geloci, os bandidos teriam voltado à ponte e assaltado pelo menos outras duas mulheres.
Medo na ida para o trabalho
Atravessar a ponte da Rua Dezesseis Unidos para tentar vaga no ônibus que leva os trabalhadores pela manhã até Porto Alegre virou missão de risco nas últimas semanas.
O trio de criminosos, afirmam moradores, sai todas as manhãs do Bairro 11 de Abril para atacar mulheres com bolsas no caminho do trabalho.
"Todos ouviram falar deles"
- Por aqui, todos já ouviram falar deles (bandidos). Eu ainda não fui assaltada e, como quase todos, tento me proteger não andando sozinha pela ponte e evitando esse caminho quando escurece - afirma a auxiliar de serviços gerais, Elis Regina Glovak, 32 anos.
Uma vendedora do Bairro Umbu, de 36 anos, que prefere não ser identificada, atravessou a ponte na manhã de sexta agarrada à bolsa, atenta sobretudo ao matagal ao redor do caminho. Ela garante que já denunciou os casos à Brigada, mas nada foi feito.
Brigada promete ação
Para moradores, os roubos aumentaram após a saída do micro-ônibus da Brigada da Avenida Beira-Rio, próximo à ponte. De acordo com o comandante do 24º BPM, tenente-coronel Rogério Maciel, a saída é temporária.
- Ele voltará, só saiu para manutenção. Mas não diminuímos a atuação na região da Umbu - garante.
Segundo ele, o planejamento é criar uma companhia do batalhão no local.
- A Umbu é uma prioridade. Cedo da manhã, temos grande movimento de pessoas saindo para o trabalho. Por isso, redobramos a atenção e a presença de policiais nas ruas - afirma.