A apreensão, no sábado, de 60 garrafas de lança-perfume em uma residência do bairro Partenon, em Porto Alegre, sinalizou para o aumento da presença em festas rave da Capital e da Região Metropolitana do entorpecente, comum em bailes de Carnaval do passado. A Operação Fim de Festa, do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), resultou na prisão de um casal.

Segundo o delegado Mário Souza, o lança-perfume é uma droga encontrada com frequência em festas embaladas por música eletrônica, utilizada geralmente por clientes de alto poder aquisitivo.

A circulação em maior número do entorpecente era investigada havia três meses. Foi constatado que cada tubo era vendido por valores entre R$ 100 e R$ 200, dependendo do poder aquisitivo do freguês. O valor normal do produto é de pelo menos R$ 50 o frasco.

- Na festa rave o lança-perfume nunca saiu de moda, mas desde o início do ano começou a aparecer mais e com preço mais alto. O custo maior ocorre principalmente porque o traficante vai nos locais vips e negocia diretamente com o cliente. É uma pessoa que não tem aparência ameaçadora nem é agressiva. Isto dava mais tranquilidade à negociação - disse Souza.

O delegado salienta que a droga é aparentemente inofensiva - não é preciso injetar nem fumar, é apenas inalada -, porém tem alto poder de provocar dependência. O uso pode desencadear falta de ar, desmaios, alucinações, convulsões, paradas cardíacas e até a morte, dependendo do caso.

O diretor de investigações da Denarc, Heliomar Franco, afirma que o lança-perfume não é o foco das investigações da polícia. Segundo o delegado, nos últimos dois anos, o uso da droga se intensificou em festas eletrônicas, principalmente por estar associado à venda de ecstasy.

- Temos investigado mais os comprimidos de ecstasy, e o lança acaba aparecendo nesses casos. Tem um segmento de pessoas que não faz o uso de drogas mais pesadas e se interessam por estimulantes mais rápidos - afirma Heliomar.

Os tubos apreendidos eram contrabandeados da Argentina, onde a sua fabricação não é proibida.