Desde sábado, a aposentada Rute Carvalho dos Santos, 70 anos, não é vista na sua casa, nas redondezas ou pelo Centro de Tramandaí, no Litoral Norte. O sumiço, investigado pela polícia desde terça, quando parentes registraram ocorrência, pode ter um desfecho trágico. Há suspeita de que a idosa tenha sido assassinada.

- Temos elementos que indicam um latrocínio (roubo com morte) e trabalhamos com um suspeito. Mas ainda não encontramos o corpo da vítima, provavelmente ocultado - disse o delegado Paulo Perez.

Peritos estiveram na casa de Rute quarta-feira e encontraram sangue na cama e no colchão, além de respingos pela parede. Um jovem de 21 anos, tratado como filho por ela e morador do mesmo terreno, já na quarta não foi mais encontrado.

Até o dia anterior, ele circulava pela cidade com a caminhonete EcoSport da idosa.

Veículo foi apreendido

O veículo foi apreendido na tarde de terça em uma blitz, por atraso na documentação. De acordo com o delegado Paulo Perez, ali pode estar uma pista importante sobre o paradeiro de Rute.

- Há marcas de sangue no porta-malas da caminhonete - confirma.

O jovem de 21 anos está com prisão temporária decretada pela Justiça. De acordo com o delegado, desde sábado houve movimentações de altos valores nas contas da idosa. Na maioria, compras acima de R$ 1 mil, feitas em Tramandaí. Os gastos só cessaram na terça, quando o gerente do Banco do Brasil estranhou as movimentações e tentou contato com Rute, mas ninguém atendeu. A conta foi bloqueada.

Câmeras mostram suspeito

Câmeras de monitoramento de uma loja mostram o suspeito fazendo compras no sábado. Há mais de 20 anos, a aposentada, natural de Porto Alegre, mora em uma casa de alto padrão na Rua 12 de Abril, Centro de Tramandaí. Respeitada pela comunidade, adotou a praça em frente à sua casa.

Amigos desconfiaram

Desde sábado, quando amigos foram até a casa de Rute para procurá-la, quem atendia era o rapaz de 21 anos - segundo vizinhos ouvidos pela polícia, ele estava com a idosa desde criança e era como um filho adotivo.

Ele alegava que a dona da casa havia ido visitar parentes.Desconfiado, o caseiro dela entrou na residência na terça-feira. Viu que Rute deixou ali o celular e as roupas e acionou a polícia. No quarto dela, percebeu sinais que agora determinam a investigação policial.

No Agual, crime por casebre

O sumiço é o segundo envolvendo uma vítima idosa, investigado pela polícia de Tramandaí, em menos de uma semana. Na sexta-feira passada, o corpo de Arminda Dermann, 78 anos, foi encontrado em um lixão próximo ao Bairro Agual, com ferimentos na cabeça.

- São histórias semelhantes, mas com contextos diametralmente opostos. Não há qualquer ligação entre os suspeitos - garante o delegado Paulo Perez.

Um casal vizinho de Arminda teve a prisão temporária decretada pelo assassinato e está foragido. A idosa era natural do Vale do Sinos e vivia em um casebre no Agual, trabalhando como catadora.

A polícia chegou a suspeitar que o alvo dos criminosos fosse a pensão de R$ 400 que ela recebia. Mas não era.

- Criminosos ligados ao tráfico de drogas almejavam o casebre da vítima - aponta o delegado.