Polícia



Onda de violência

Vila Cruzeiro em pé de guerra na Zona Sul da Capital

Em uma semana, ocorreram seis homicídios na região

10/09/2013 - 07h32min

Atualizada em: 10/09/2013 - 07h32min


Na segunda-feira, em tiroteio à luz do dia, um jovem foi morto na Rua Caixa Econômica

Passava das 14h e a praça na esquina entre a Rua Caixa Econômica e a Rua Quatro, na Vila Cruzeiro, Bairro Santa Tereza, estava cheia. Nada disso impediu que um grupo de jovens armados, vindo da Vila Pantanal, chegasse atirando.

Houve resposta dos guris que estavam ali. No fogo cruzado, policiais do 1º BPM chegaram e também atiraram. Anderson Keis de Almeida, o Andi, 18 anos, caiu morto com ao menos um tiro nas costas. Cápsulas de 9mm e uma pistola de mesmo calibre foram apreendidas. Um suspeito chegou a ser detido e será submetido a exames residuográficos.

- A praça virou um campo minado. Não dá para passear por aqui mais, é tiro a qualquer hora - relata uma moradora de 67 anos, 25 deles na vila.

Segundo ela, foi o terceiro tiroteio em uma semana. Uma realidade não muito diferente da Ursa Maior, onde na sexta passada um homem foi executado a tiros. Ou da Vila Ecológica, com três mortos entre segunda e quinta.

Pelo levantamento do Diário Gaúcho, a morte de Andi foi a sexta em uma semana no Território da Paz do Bairro Santa Tereza. Representa quase 30% dos homicídios no bairro (21) desde o começo do ano.

Pelas informações iniciais da polícia, o tiroteio foi um duelo entre rivais do tráfico, crime pelo qual Andi tinha antecedentes.

Vários focos na mesma região

- É um dos pontos que investigávamos como foco de tráfico na Cruzeiro. Essa guerra local entre jovens não tem relação com os homicídios anteriores. São diversos contextos dentro do mesmo território - explica o delegado Gabriel Bicca.

Provavelmente, a disputa foi "importada" da Vila Nova. Andi era morador da região do Campo Novo, que no começo do ano foi palco de uma violenta guerra entre traficantes. O grupo derrotado teria buscado abrigo com aliados da Vila Cruzeiro. Mas estariam sendo caçados. O difícil, para a polícia, é encontrar quem aponte suspeitos.

Uma colcha de retalhos

- O Santa Tereza é uma Restinga com relevo.

A definição do delegado Gabriel Bicca explica a colcha de retalhos da criminalidade nos dois territórios da paz da Zona Sul. Não há guerra aberta, mas diversos conflitos pontuais em cada vila. Segundo o titular da 4ª DHPP, todas as mortes da última semana têm relação com acerto de contas.

O problema maior, admite o comandante do 1º BPM, tenente-coronel Altemir Silva de Lima, é o aumento da ousadia dos criminosos. Os dois últimos homicídios no Santa Tereza foram à luz do dia, na rua.

"Vamos aumentar a presença"

- A situação fugiu do normal. Há conflitos internos no tráfico e disputas por territórios porque as quadrilhas estão descapitalizadas - afirma.

Na Restinga, os homicídios diminuíram desde a metade do mês passado, quando Polícia Civil e Brigada desencadearam ações conjuntas. Nos últimos 20 dias, foram três - em 2013, 23 casos.

No Santa Tereza, o comandante promete maior rigor.

- Já agimos em conjunto com a Polícia Civil. Agora, vamos aumentar a presença no bairro - adianta.

PMs vão ser investigados

Seis armas usadas por PMs no tiroteio foram recolhidas pelo comando do 1º BPM. A Brigada Militar vai apurar a denúncia de moradores, de que policiais militares mataram Andi.

Os PMs admitiram que atiraram, mas nenhuma cápsula de calibre .40 (usado pela BM) foi recolhida. A bala que matou Andi ficou alojada no corpo dele e será comparada com as das armas dos PMs.


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