Comércio lesado
Vigaristas aplicam "golpe do tijolo" e deixam rombo de R$ 500 mil em Porto Alegre
Em cerca de um ano, quadrilha já causou rombo estimado em meio milhão contra empresas de material de construção na Capital, usando notas falsificadas

A polícia começou a desvendar um golpe que já teria provocado um rombo de R$ 500 mil no comércio da Capital. Os alvos preferidos dos vigaristas são as grandes lojas de material de construção. Com notas fiscais frias - forjadas a partir de originais -, os criminosos retiravam pelo menos duas vezes os produtos que haviam comprado.
A estimativa da 22ª DP é de que o grupo age há pelo menos um ano em Porto Alegre. Ninguém foi preso.
Grupo era bem organizado
- Ainda estamos em meio à investigação, mas é possível constatar que este é um grupo organizado. Tinham uma verdadeira gráfica para garantir o sucesso dos golpes. É possível que o prejuízo seja ainda maior do que o estimado - afirma o delegado Omar Sena Abud.
Empresa desconfiou
A investigação começou em julho, a partir da suspeita de uma loja de materiais de construção. Os golpistas haviam retirado no depósito, duas vezes, uma porta de valor superior a R$ 2 mil. Uma das notas era fria.
A partir de imagens gravadas pela loja, a polícia chegou a um suspeito. Na mesma empresa, pelo menos outras 16 notas frias foram encontradas nos últimos meses. O tamanho do prejuízo ainda é contabilizado.
Ontem, a polícia cumpriu mandado de busca em uma casa no Bairro Rubem Berta, Zona Norte da Capital, e encontrou rolos de cupons com as logomarcas de pelo menos sete redes de materiais de construção, impressoras de notas fiscais e multifuncionais, computadores e notas fiscais copiadas e formatadas para a fraude. Os agentes encontraram ainda carimbos dos setores de almoxarifado das lojas.
De acordo com o delegado Abud, o material pertence a um homem de 31 anos, já identificado e possivelmente o líder do bando. Ele deve ter a prisão preventiva solicitada.
Polícia investiga receptadores
O principal suspeito identificado até agora não tem antecedentes por estelionato. Tampouco por algum outro crime violento.
- É um golpe inédito e muito difícil de ser detectado - afirma o delegado Abud.
A polícia ainda não tem certeza sobre quantos vigaristas fazem parte da quadrilha. Também procura descobrir de que forma eles têm acesso a materiais das empresas, como os rolos de cupons ou notas fiscais com as logomarcas.
- Estamos apurando se alguém de dentro dos estabelecimentos repassa esse material a eles ou se é alguém envolvido com os fornecedores do material gráfico - diz Abud.
Segundo o delegado, a investigação ainda busca possíveis receptadores que podem estar revendendo o material retirado ilegalmente das lojas.
Como funciona o golpe:
Um integrante da quadrilha faz a compra de materiais de construção ou de decoração. Retira a nota e avisa que ele mesmo vai retirar o produto - portas, pisos, tijolos etc - no depósito ou na própria loja.
A quadrilha faz a cópia da nota fiscal em todos os seus detalhes. O primeiro a retirar o produto leva a nota fria e passa despercebido.
Só depois de retirada a compra com a cópia, é que um dos criminosos retira o que foi, de fato, comprado, com a nota fiscal original.