As lágrimas do motorista José Marcos Fagundes Ferreira, 33 anos, substituem as palavras. Na manhã de terça-feira, tomado pela dor e ainda sem entender o que havia acontecido na noite anterior, ele só conseguia chorar ao falar da mulher, Gilseia Rathke Paranhos, 26 anos. Gil, como era conhecida pelos amigos, voltava para casa na noite de segunda-feira quando, a 200m da residência no Bairro Jardim Algarve, em Alvorada,
sua moto foi atingida por um carro que disputava racha com outro. Gil não resistiu aos ferimentos e faleceu durante atendimento no Hospital de Alvorada.

- Ela andava de moto há tempos e sempre bem devagar. Era cuidadosa - lembra o marido.

Vendedora na loja Lebes de Alvorada, Gil tinha ido à casa de uma colega, no mesmo
bairro. Por volta das 21h30min pegou sua moto e a pilotou por poucos metros. Na
Rua Colibris, no loteamento Porto Verde, se deparou com dois carros. O Classe A prata, com placas de Jacinto Machado (SC), era dirigido por Anderson Raupp. O Montana, com placas de Alvorada, tinha como condutor Jean Luca dos Santos Gargantine. Os dois jovens de 19 anos seguiam pela Colibris quando o Classe A colidiu de frente com a
moto. Com o impacto, a jovem foi arremessada.

- Eu tava vendo tevê quando me ligaram. Fui ali correndo e, quando a vi caída no chão, desmaiei. Isso não pode estar acontecendo. A gente só faz coisa boa, trabalha, tava
construindo nossa casa, e acontece isso - lamentava José Marcos, que estava com Gil havia 11 anos.

Testemunhas confirmaram o racha à polícia. Segundo a DP, os detidos alteraram o
local do crime, provavelmente para tentar prejudicar a investigação.

Encaminhados para o Central

Gil foi levada pelo Samu ao Hospital de Alvorada, onde chegou sem vida. Anderson e
Jean foram para a DPPA e autuados em flagrante pelo delegado Alexandre Fleck por
homicídio doloso. Terça-feira à tarde, ainda sem prestar depoimento, foram levados ao Central.

O velório da mulher foi no Cemitério Parque São Jerônimo, em Alvorada, onde será
sepultada nesta quarta-feira, às 10h.

Delegado pede exame de gravidez

Titular da 1ª DP de Alvorada, o delegado Maurício Barcelos pediu para o DML confirmar se Gil estava grávida. Ao dar entrada no Hospital de Alvorada, uma pessoa (a polícia ainda não sabe quem) relatou ao médico que a atendeu que a jovem estava grávida.

Terça-feira, ninguém da família confirmou a gestação e, no hospital, por ela ter entrado em óbito, não foi feito exame para atestar a gravidez.