Triste rotina
Ladrões trabalham dia e noite na Azenha
Comerciantes da região já estão acostumados com roubos e furtos
Dois assaltos no intervalo de oito horas. Os ataques ao Magazine Luiza, no Bairro Azenha, não surpreendem os comerciantes da região, acostumados com roubos e furtos. Ontem, o Diário Gaúcho visitou oito lojas da Avenida Azenha, na concentração de comércio que vai da Praça Princesa Isabel até a Avenida Dr. Carlos Barbosa.
Todas relataram que, pelo menos uma vez, já foram alvo de assaltos desde o Natal. No total, foram 17 ataques.
Na segunda, por volta das 19h, três homens armados invadiram o Magazine Luiza e levaram cerca de R$ 4 mil. Por volta das 3h de hoje, ladrões entraram pelo telhado e levaram uma série de equipamentos eletrônicos. O alarme soou e a Brigada Militar foi acionada, mas os bandidos conseguiram fugir.
- Só não houve prejuízo maior porque o ambiente é monitorado. A BM até foi rápida em atender ao chamado. Mas o patrulhamento durante o dia, para prevenir assaltos como o de segunda, poderia ser mais eficaz - diz o gerente regional da rede, Geovane Konrath.
Funcionários estão nervosos
A Farmácia São João passou por situação semelhante no final de semana. O local foi arrombado na madrugada de sexta, e, na tarde de sábado, assaltado por um dupla armada.
- De janeiro pra cá, já são cinco assaltos. Os que vieram sábado são os mesmos de fevereiro. Estou com os nervos à flor da pele - revela a caixa do estabelecimento, Eliane Rodrigues, 45 anos.
Ao lado, na loja Gaston, a rotina se repete.
- A gente é assaltado pelo menos uma vez por mês. Do começo do ano até agora, já foram três - conta a coordenadora de loja, Josie Senna, 35 anos.
Pedidos de mais policiamento
A falta de policiamento, em especial antes das 9h e após as 16h30min, é reclamação comum entre os comerciantes.
- Depois das 16h, não se vê mais PM. Quem ajuda são os seguranças que o pessoal contrata, mas não adianta. Tenho até pensado em sair daqui - diz a vendedora da loja Oba-Oba - ladrões entraram pelo teto do estabelecimento, na época do Natal.
As ocorrências
- Farmácia São João - Cinco assaltos
- Loja Gaston - Três assaltos
- Loja Oba-oba - Um arrombamento
- Loja Colombo - Três assaltos
- O Boticário - Um arrombamento
- Magazine Luiza - Um assalto e um arrombamento
- Relojoaria Europeia - Uma tentativa de arrombamento
- Cacau Show - Um arrombamento
Eletrônicos são os preferidos
A festa dos ladrões não é surpresa para a Polícia Civil.
- Não tenho dados exatos, mas o número de casos nos últimos meses é grande - confirma o delegado César Carrion, titular da 2ª DP, responsável pela região.
Segundo o delegado, o alvo preferido dos assaltantes são os equipamentos eletrônicos, por serem de fácil revenda:
- Em geral, eles já têm compradores e, em questão de horas, conseguem se desfazer da mercadoria roubada.
De acordo com César, a sequência de arrombamentos na madrugada é obra de criminosos que se especializaram nesse tipo de crime.
"Tem que ter conhecimento"
- No furto pelo teto, não é qualquer um que se aventura. Tem que ter conhecimento para driblar os sistemas de segurança. Outro problema é que a maioria das lojas não possui circuito de monitoramento - conta o delegado.
Os investigadores da 2ª DP buscam pistas nas últimas ocorrências para identificar os criminosos. Quem tiver informações pode ligar para delegacia, no telefone 3288-8501. Não é preciso se identificar.
O Diário Gaúcho tentou contatos com o comando da 1ª Cia do 1º BPM, responsável pelo patrulhamento ostensivo da região, mas não obteve retorno.
Medo da teia do Homem-Aranha
Na Avenida Azenha, o Homem-Aranha é vilão. Esse é o apelido do suspeito que circula de boca em boca entre os comerciantes da região. Segundo eles, o ladrão é responsável por uma onda de arrombamentos da metade até o final de 2013.
Para o delegado César Carrion, é um novo elemento que pode ajudar nas investigações.
- Não tínhamos recebido essa informação. Esse tipo de denúncia é fundamental para que possamos fazer um trabalho mais qualificado - afirma o delegado.