Polícia



Violência nas alturas

Na Tinga, nem amigão da comunidade escapa

Professor que prestava serviços voluntários, morto de forma brutal, é mais uma vítima da violência da região

05/05/2014 - 10h01min

Atualizada em: 05/05/2014 - 10h01min


Família tenta entender as causas da morte de Ary

Depois de dois dias tentando contato por telefone com o irmão, uma moradora do Bairro Restinga deparou, na tarde de sábado, com um crime brutal: em seu apartamento, o professor de Inglês Ary Erevelto Rios, 61 anos, foi assassinado. Ao abrir a porta, ela logo o encontrou caído no chão, já sem vida, com as mãos e pés amarrados por fios de luz e estrangulado. O local, na Rua David Cherman, estava todo revirado.

A suspeita dos peritos da Polícia CIvil é de que Ary tenha sido morto ainda na noite de quarta, quando foi visto pela última vez por moradores da região. Desde então, a família
tentava contato e, invariavelmente, as ligações caíam na caixa de mensagens do celular.

A polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo com morte), cometido por pelo menos dois criminosos. Os matadores foram embora, segundo relato de familiares à polícia, levando pelo menos televisão, celular, notebook e o dinheiro da carteira da vítima.

● Torturado antes do golpe fatal

Para os investigadores, devido ao estado em que deixaram o imóvel, os bandidos procuravam por algo mais.

- O local foi revirado detalhadamente. É possível que a vítima tenha sido torturada antes de ser morta - afirma a delegada Shana Hartz, que investiga o caso pela 16ª DP.

De acordo com a delegada, Ary foi morto com um forte golpe na cabeça e tinha ainda marcas de facadas pelo corpo. Durante os final de semana, os agentes já percorriam o bairro tentando identificar suspeitos de um crime que, para a família, é inexplicável.

● "Sempre de bem com a vida"

- Meu tio era a alegria em pessoa. Um cara sempre de bem com a vida, que nunca se cansava de ajudar a comunidade. Era completamente apaixonado por tudo que fazia - conta a sobrinha Patrícia Maestri.

Não havia sinais de arrombamento no apartamento e, quando a irmã de Ary chegou ao local, a porta estava chaveada. A polícia acredita que alguém conhecido do professor tenha cometido o latrocínio.

Ary ensinava inglês para carentes

Figurinha confirmada nos ensaios e desfiles da Estado Maior da Restinga, Ary era do tipo amigão na vizinhança. Não tinha filhos e morava sozinho no apartamento da Rua
David Cherman. Conforme os amigos, era sempre o primeiro a buscar ajuda quando alguém estava necessitado.

O ensino do inglês era a sua vocação. Durante muito tempo, ensinou a língua voluntariamente no Centro de Promoção da Infância e Juventude, que trabalha com crianças carentes da Restinga. Mesmo afastado do programa, teria mantido contato com alguns alunos e usava seu apartamento para dar aulas particulares de inglês.

- Infelizmente, acho que o coração bom dele causou a sua morte. Ajudou alguém e foi morto dessa forma cruel - desabafou um familiar, que prefere não ser identificado.

Entre os vestígios encontrados pela polícia no apartamento, havia o quadro, com algumas lições de inglês. Pode ser o indício de que, antes de ser morto, o professor tenha lecionado.


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