Polícia



RONDA POLICIAL

Região Metropolitana de Porto Alegre tem 527 mortes em menos de cinco meses

Média de homicídios passa de 3,5 por dia

30/05/2014 - 08h58min

Atualizada em: 30/05/2014 - 08h58min


Morte de um travesti na Capital, nessa quinta-feira, entrou para a estatística


Nunca se matou tanto na Região Metropolitana de Porto Alegre quanto em 2014. O número de assassinatos nos primeiros 149 dias do ano, que havia apresentado queda de 10% de 2012 para 2013, estourou em 2014: aumento de 20,6% em relação ao ano passado. Foram 527 casos. Os dados são exclusivos do Diário Gaúcho e levam em consideração os crimes ocorridos na Capital e nas outras 18 principais cidades ao redor - a área coberta pela 1ª Delegacia Regional Metropolitana.
A média de pessoas mortas, pela primeira vez, superou quatro por dia (4,08). No ano passado, o mesmo índice apontava 2,9 assassinatos a cada 24 horas. Porto Alegre, com 205 casos, responde por 38,9% dos casos. A surpresa da lista é Gravataí, que assume a condição de cidade mais violenta - depois da Capital. O município registrou 58 mortes, mais do que Alvorada (53), Canoas (43) e Viamão (42).
A maior parte dos casos do ano correspondem a homicídios, mas em pelo menos 22 casos a polícia conformou se tratar de ladrões matando vítimas que escolheram para roubar (latrocínio). Houve ainda quatro ladrões assassinados pela polícia ou por vítimas que reagiram.
Outro dado que chama a atenção é a barreira da morte 500, que em 2014 chegou mais de um mês mais cedo em relação a 2013. Nesse critério, o recorde negativo havia sido em 2012, quando o índice foi atingido no dia 31 de maio.
Entre as noites de quarta-feira e a de ontem, ocorreram cinco homicídios. Confira como foram os últimos casos.


Travesti alvejada em avenida

O dia amanhecia, por volta das 6h de ontem, quando a travesti Márcio Solismar Rodrigues, conhecida como Márcia, 35 anos, nas imediações da Avenida Farrapos, no Bairro Floresta, área central da Capital, foi encontrada morta na esquina entre a avenida e a Rua Paraíba. Quatro tiros a atingiram entre o rosto e os ombros. E não havia testemunhas do crime.
Para a polícia, a esperança de identificar algum suspeito está nas buscas por imagens de câmeras de monitoramento próximas. De acordo com a delegada Jeiselaure de Souza, que atendeu ao local do crime, as primeiras imagens analisadas não são conclusivas.
- É possível ver a vítima chegando cerca de dois minutos antes do momento do crime e ninguém passa pela Avenida Farrapos neste período. No momento em que acontecem os disparos, uma luz ofusca as imagens - explica a delegada.
Há convicção de que o atirador, usando um revólver calibre 38, teria chegado a pé até o local. Uma das linhas de investigação da 2ª DHPP está ligada aos últimos passos de Márcia. Bastante conhecida na região, ela já se prostituiria ali há cerca de 15 anos. E tinha um histórico preocupante.
- Já esteve presa por roubar clientes depois de fazer os programas. Não se pode descartar alguma vingança - afirma a delegada Jeiselaure.
No ano passado, Márcia foi presa em flagrante depois de roubar mais de R$ 600 de um homem e ameaçar quebrar o seu carro caso não lhe entregasse o dinheiro. De acordo com familiares, a travesti seria usuária de crack. Com ela, foi encontrado um cachimbo usado para fumar a droga.


Executado com mais de 40 tiros

Em um ato de desespero, a mulher ainda conseguiu segurar o filho, de dois anos, que dormia e escapou correndo da casa, na Rua 47, do Bairro Jardim Algarve, em Alvorada, antes de ver o companheiro ser brutalmente assassinado.
Eram 3h quando pelo menos três homens armados invadiram a residência de Renato Alexandre Alves Salvador, 35 anos, quando todos dormiam. Ele foi arrancado da cama e executado com pelo menos 40 disparos de pistolas 9mm, .380 e .40.
A principal suspeita dos investigadores da Delegacia de Homicídios local é de que trata-se de algum acerto de contas entre criminosos. Renato tinha antecedentes por homicídio, extorsão e ameaça. Mas a hipótese ainda não é conclusiva.
- Foi uma execução extremamente violenta e nós ainda estamos tentando determinar exatamente o que o Renato vinha fazendo ultimamente - explica o chefe de investigação, Felintho Souza Santos.
A polícia agora procura por possíveis testemunhas que possam identificar os assassinos.


PM mata assaltante em galeteria

Um assaltante identificado como Hermes Santana de Moraes, 28 anos, foi morto a tiros na noite de quarta quando um policial militar a paisana reagiu à tentativa de assalto a uma galeteria na Rua Osvaldo Aranha, Centro de São Leopoldo. Um suposto comparsa dele teria conseguido fugir.
O caso é apurado pela 1ª DP de São Leopoldo, e a informação inicial é de que o PM estaria jantando no local quando foi surpreendido pelos assaltantes. Antes de disparar, ele teria anunciado que é policial e mandado a dupla largar suas armas. Mas eles sacaram as armas e ameaçaram atirar contra o soldado.
No dia 9 de março, a mesma galeteria foi palco da morte de Ederson Rutykoski de Oliveira, 30 anos. Ao tentar assaltar o local, ele acabou cercado pela Brigada Militar e rendeu o proprietário. Para sair, exigiu que pudesse fugir em uma viatura. Ao entrar no carro da polícia, porém, foi morto a tiros.

Morto na frente do Fórum da Tinga

Um homem identificado como Devid Fagundes Domingues, 27 anos, foi morto a tiros diante do Fórum Regional da Restinga, na noite de quarta. Por volta das 20h30min, ele teria sido perseguido por dois homens e atravessou um campo de futebol na Estrada João Antônio da Silveira até ser atingido por quatro disparos.
De acordo com o delegado Rodrigo Pohlmann, da 4ª DHPP, ele ainda teria se arrastado até as proximidades do Fórum, onde não resistiu aos ferimentos.
Com antecedentes por pequenos furtos, Devid seria usuário de drogas e a suspeita da polícia é de que tenha sido morto por algum tipo de acerto de contas. Já há, ao menos, uma gangue suspeita do crime.


Executado no sofá da sala

A polícia investiga as circunstâncias em que Jéferson Reis Prestes, 23 anos, foi morto com três tiros no sofá da sala, em sua casa, na Travessa da Igreja, Vila Augusta, em Viamão, por volta das 3h de ontem.
Ele não teria antecedentes criminais, mas a suspeita é de uma execução.
Conforme testemunhas, Jéferson teria ouvido tiros do lado de fora de casa e, ao observar o que acontecia na janela, foi alvejado.
O caso é apurado pela Delegacia de Homicídios local.


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