Perigo em casa
Ladrões atacam casas no bairro Bonsucesso, em Gravataí
Assaltos a residências no Bairro Bom Sucesso, em Gravataí, são cada vez mais frequentes e assustam moradores, que vivem uma rotina de insegurança
Para os moradores da Rua Barbosa Lessa, no Bairro Bom Sucesso, em Gravataí, sair para trabalhar virou sinônimo de medo. Correm o risco de voltar para suas casas, encontrá-las arrombadas e com seus pertences levados por bandidos. Não é de hoje que assaltos a residências têm acontecido à luz do dia na região, especialmente no turno da tarde, quando a maioria das casas está vazia.
O instalador hidráulico Daniel Alexandre da Silva, 47 anos, já passou por este drama três vezes em um ano. A cada nova invasão, o prejuízo é dobrado: além dos bens furtados, ele investe em melhorias de segurança.
- Na primeira vez, entraram pela porta dos fundos e levaram uma tevê de 42 polegadas. Coloquei uma grade lá. Na segunda, entraram pela frente e roubaram um videogame. Coloquei outra grade e ergui um muro. Na terceira, quebraram a grade dos fundos e entraram de novo. Desta vez, limparam tudo que acharam, mas muita coisa pequena - lamenta.
Hoje, ele paga por um serviço de vigilância particular e conta com alarme e câmera. O aparelho, inclusive, registrou, recentemente, o ataque à casa do vizinho da frente. Na ocasião, um homem entrou tranquilamente pelo portão e saiu carregando uma tevê. No portão, um carro o aguardava para a fuga.
Drama de moradores é surpresa para BM
Não é difícil de encontrar na Barbosa Lessa vizinhos dispostos a descrever situações semelhantes. Pelos relatos, os bandidos invadem as residências visando, geralmente, aparelhos eletrônicos, fáceis de carregar, e, principalmente, de vender no mercado clandestino.
- Arrancaram a veneziana e entraram na minha casa às 15h, pela janela! Levaram tevê, notebook, máquina fotográfica, aparelho de som, entre outras coisas miúdas, mas de valor, como relógios e óculos - conta a diarista Vera Regina Consul, 54 anos.
Assim como Daniel, ela tem investido em segurança por conta própria. Diz que não pode contar com a Brigada.
- Não se vê uma viatura da brigada passando, um policial, nada! O que pude fazer foi colocar uma grade alta e bem resistente - diz.
Sem registro de ocorrências
O comandante do 17ª BPM de Gravataí, Vanderlei Mayer Padilha, mostrou-se surpreso ao ser informado dos casos pela reportagem do DG. Ele destaca que, muitas vezes, as pessoas não chamam os PMs nem registram ocorrência. O que dificulta o trabalho preventivo da BM.
É o caso de Tereza Tavares Matias, 68 anos. A dona de casa conta que já tentaram arrombar sua casa, mas que preferiu não prestar queixa.
- Tem pelo menos mais três ou quatro casas aqui na vizinhança que já foram assaltadas. Nem me dou ao trabalho. Sou só mais uma... Nunca fazem nada - afirma.
Assaltos podem estar relacionados ao tráfico de drogas
Se as residências estão na mira dos assaltantes, o mesmo não acontece com os estabelecimentos comerciais da redondeza.
- A região aqui é bem violenta, tem muito assalto a pedestres e a casas, mas aqui no mercado nunca entraram - pondera a comerciante Paola Kalisiensky, 27 anos.
Como ela, a dona de lancheria Enir Greff, 55 anos, também tem motivos para comemorar.
- Tenho o bar há nove anos e nunca fui assaltada - diz.
Para o comandante Vanderlei, os responsáveis pelos furtos a residências normalmente são usuários de drogas. Os objetos furtados são usados para adquirir mais drogas ou pagar dívidas do tráfico.
- Cada vez que fazemos uma prisão de bandidos com armamentos e drogas, quando soltos, eles migram para o furto de residências, porque estão descapitalizados e precisam fazer dinheiro - explica.
- Sabendo desta demanda, vamos colocar o nosso serviço de inteligência em ação para fazer um levantamento nesta área e reforçar as medidas preventivas, como abordagens e patrulhamentos no local - planeja o comandante.