Criminalidade
Em rua do Bairro Teresópolis, 15 de 20 estabelecimentos foram assaltados neste ano
Moradores da Carvalho de Freitas estão apreensivos com os constantes ataques
Um quilômetro. Esta é a extensão da Rua Carvalho de Freitas, no Bairro Teresópolis, em Porto Alegre. O trecho é pequeno, mas é o paraíso dos assaltantes. Dos 20 estabelecimentos comerciais existentes na rua, 15 já sofreram assaltos ou arrombamentos pelo menos uma vez neste ano, conforme levantamento do Diário Gaúcho. Moradores e pedestres também não estão livres de ataques dos criminosos, que assaltam nas esquinas, nas paradas de ônibus e nos portões das casas.
- Já sofri três tentativas de assalto na rua. Até com faca de cozinha já me atacaram. Nas paradas de ônibus, não dá para ficar, especialmente à noite. Uma vizinha foi assaltada com facão de açougueiro esta semana. E o comércio sofre ataques constantes _ afirma o morador Rafael Dias, 39 anos.
O comerciante Bruno Lang, 22 anos, uma das vítimas, destaca que o cenário só piora a cada dia.
- Houve uma época em que os assaltos eram pequenos e sazonais. De seis meses pra cá, piorou muito. Estão frequentes e mais violentos - afirma.
Ataques a qualquer hora do dia
O supermercado do qual ele é proprietário tem sido alvo constante da bandidagem. Recentemente, foram três ataques em 17 dias.
- Eles entram a qualquer hora do dia. Sempre armados e em bandos. Limpam o caixa e, se tiver cliente, levam bolsas, celulares, tênis e dinheiro - relata Bruno.
Do outro lado da rua, um empresário passa por drama semelhante. Sua confeitaria foi arrombada quatro vezes em cinco meses.
- Já quebraram três vezes o motor que mantém os refrigeradores funcionando. Aí, tudo o que tem dentro estraga e vai pro lixo. Levam comidas, bebidas e até o cobre dos motores. Mas o prejuízo maior é com o conserto de tudo o que eles destróem. Quebram janelas, paredes, arrancam grades... Já gastamos em torno de R$ 15 mil nesses últimos meses - estima o proprietário do local.
Abaixo-assinado pede posto da polícia
Além da rotina de assaltos, moradores e comerciantes se queixam da falta de policiamento na região.
- A Brigada Militar não está na rua, tu não vê policiamento. Quando acontece algo bem pontual, eles ficam uma semana e depois desaparecem. Se não tiver um posto da Brigada aqui, não vai sanar o problema - aponta Bruno.
A reivindicação é um apelo não só dos moradores da Carvalho de Freitas mas de todo o bairro, que vem sofrendo com a violência. No balcão da sua ferragem, um senhor de 62 anos exibe uma planilha na qual recolhe assinaturas para um abaixo-assinado pedindo a criação de uma unidade da Brigada na região. Ao todo, já foram mais de 3 mil adesões.
- Já fui assaltado duas vezes. Já colocaram arma na minha cabeça e me trancaram no banheiro enquanto levavam mercadoria e dinheiro. Também vejo muita gente passando correndo aqui na frente, depois de ser assaltada nas paradas aqui da redondeza. Queremos chamar a atenção das autoridades para isso - diz o idoso.
Enquanto isso, a maneira encontrada por moradores para fazer este alerta foi a criação de uma página no facebook, chamada Vítimas do Teresópolis. Nela, relatam diariamente casos de violência no bairro. A página já tem mais de 3,1 mil curtidas.
Brigada promete mais segurança
Na noite de terça-feira, moradores do Bairro Teresópolis se reuniram com representantes da Brigada Militar para pedir uma solução para a violência na região da Zona Sul da Capital e apresentaram o abaixo-assinado.
- Vamos solicitar a outras unidades do policiamento aqui da Capital, assim como o Regimento e Batalhão de Operações Especiais, para que, dentro do possível, acompanhem as praças, as ruas, fazendo um levantamento dos locais onde há maior incidência de ocorrências _ disse o capitão Leandro Gustavo Missio, que compareceu ao evento.
Na manhã de ontem, moradores da Carvalho de Freitas relataram que uma patrulha da Brigada Militar foi vista praticando ações ostensivas na rua. Segundo a comandante do 1º BPM, tenente-coronel Cristine Rasbol, a intensificação do policiamento é resultado da troca com a comunidade.
- Já estamos colocando em prática ações para interferir neste processo de violência, tanto na Carvalho de Freitas quanto nas imediações, conforme as necessidades apontadas pelos moradores, para levar resultados positivos para a comunidade - disse Cristine.