Boletim de Ocorrência - Arquivo do Crime
Renato Dornelles: julho já foi mês de agitação no Presídio Central
Uma intervenção programada para seis meses completa 20 anos neste sábado. É a da força-tarefa da Brigada Militar no Presídio Central de Porto Alegre. O que era para ser provisório, cada vez mais ganha contornos de definitivo. Curiosamente, alguns dos principais acontecimentos que provocaram a intervenção ocorreram no mês de julho.
A começar pelo dia 28 de julho de 1987. Um motim protagonizado por alguns dos mais conhecidos bandidos da época, como o assaltante de bancos Vico e o traficante Carioca, marcou o início da organização que ficaria conhecida como Falange Gaúcha.
Eram nove apenados envolvidos, mas um deles morreu no início da rebelião, em tiroteio com um agente penitenciário, que também perdeu a vida. Os demais fizeram 31 reféns e, após horas de tensas negociações com autoridades, fugiram levando sete deles em dois automóveis Monza. Os foragidos, aos poucos, foram sendo recapturados ou mortos. Atualmente, há somente um sobrevivente daquele grupo.
Aquele primeiro motim provocou mais duas rebeliões na sequência e, como consequência, uma primeira intervenção da Brigada Militar nos presídios gaúchos. A direção do Presídio Central foi entregue ao major PM Edson Freitas Furtado, subcomandante do Regimento Bento Gonçalves. Aquela intervenção foi provisória, como previsto.
Em 1994, novamente no mês de julho, o Presídio Central voltaria a ficar agitado. Aliás, como nunca havia ficado. Na tarde do dia 7, foi iniciado no Hospital Penitenciário, que ocupava um dos pavilhões daquela prisão, o motim que só seria encerrado 48 horas depois, no Plaza São Rafael, principal hotel da Capital naquela época. Isso, após perseguições, tiroteio e a morte de três apenados e um policial nas ruas da cidade.
Nesta rebelião, destacou-se a figura de Dilonei Francisco Melara, maiori líder da história do sistema penitenciário gaúcho, morto em 2005.
Um pouco mais de um ano depois, no dia 25 de julho, um novo motim, com 21 feridos, deixou o então secretário estadual da Justiça, José Fernando Eichenberg convicto: era necessária uma nova intervenção da BM no Central. Com o tempo, as rebeliões foram contidas e e até as mortes foram sendo cessadas. Inclusive nos meses de julho.
Rebelião terminou com a invasão de hotel
Foto: Banco de Dados