Boletim de Ocorrência - Arquivo do Crime
Renato Dornelles: "De Alex Thomas a Ronei Júnior, três décadas de covardia e barbárie"
A covardia e a crueldade que marcaram a morte do estudante Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, na madrugada de sábado passado, em Charqueadas, têm seus precedentes na crônica policial. Infezlimente, não foram raras as ocorrências em que jovens desmotivadamente, ou por motivos banais, agrediram outros até a morte. Em muitos desses casos, os agressores sequer conheciam a vítima.
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A forma como são chamados os grupos responsáveis pelas selvagerias varia com o tempo. Hoje, é comum a expressão bonde, mas já foram chamados de gangue. E foi com essa denominação que o assunto teve grande repercussão pela primeira vez no Estado, no distante 1986.
Alex foi morto aos 16 anos
Foto: Reprodução
No verão daquele ano, mais precisamente numa madrugada de fevereiro, na Praia de Atlântida, no Litoral Norte, o estudante Alex Thomas teve sua adolescência interrompida ao cruzar com um grupo de jovens que faziam parte da Gangue da Matriz. O nome é explicado pela área preferencial de ação de seus integrantes: a Praça da Matriz, em Porto Alegre, entre os prédios dos três poderes estaduais.
Todos de classe média (alguns, inclusive, familiares de políticos) e frequentadores de academias, os "matrizeiros" costumavam escolher vítimas para testar os golpes aprendidos em aulas de lutas marciais. Sempre agindo em grupo.
Morador de Lajeado, Alex retornava para sua casa de veraneio com dois amigos quando foi provocado.
Ronei foi morto aos 17 anos
Foto: Reprodução
Mesmo sem responder às provocações, foi espancado até a morte. Três maiores de 18 anos foram responsabilizados no caso e condenados a penas entre 10 e 12 anos de prisão. Três menores foram internados na então Febem. Um maior foi absolvido.
Assim como Ronei Júnior, Alex não teve tempo para lutar pelos seus sonhos, ter uma profissão, ou, seguer, para terminar o ensino médio. Ambos foram vítimas de crimes que, com o tempo, tornam-se cada vez mais violentos, expondo uma das faces da estupidez humana.
Protesto pela morte de Ronei em Charqueadas
Foto: Maria Eduarda Fortuna