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Boletim de Ocorrência

Renato Dornelles: "ocorre um assassinato a cada 5 horas e meia na Região Metropolitana e a polícia não vai resolver"

Dados da planilha do Diário Gaúcho mostram que a milésima morte do ano chegou mais cedo em 2016.

11/08/2016 - 18h18min

Atualizada em: 11/08/2016 - 18h42min


Renato Dornelles
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Renato Dornelles

À primeira vista, o título da coluna pode parecer uma crítica ao trabalho das polícias. Porém, é justamente o oposto.

Nunca se prendeu tanto neste Estado, como agora. O número de presos no sistema penitenciário não para de bater recordes. Ainda assim, as estatísticas comprovam um crescimento constante na criminalidade, principalmente a violenta.

O principal exemplo está nos dados relativos aos assassinatos. A milésima vítima na Região Metropolitana, desde que o DG iniciou seu levantamento, em 2011, chega em tempo recorde este ano.

Em 2016, a média é de um crime deste tipo a cada cinco horas meia. Isso, sem contar as tentativas.

Com autoridade, o diretor do Departamento de Homicídios da Capital, delegado Paulo Grillo, afirma que as causas da criminalidade começam bem antes do ponto de partida do trabalho policial.

Da mesma forma, o comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel PM Mario Ikeda, cita o acirramento da guerra entre facções e a falta de ressocialização de apenados como causas do fenômeno.

Estado ausente

Nas periferias, traficantes arregimentam adolescentes que abandonam a escola devido à carência de investimentos na educação. Esses mesmos jovens, em decorrência da falta de qualificação profissional e do baixo grau de escolaridade, são alijados do processo seletivo de empregos.

Enquanto isso, os aliciadores transitam livremente nesses locais ostentando armas, bens e poder obtidos mediante a prática de crimes. Com a combinação desses fatores, cada "soldado do tráfico" preso ou morto é substituído com tamanha rapidez que a facção nem chega a sofrer um abalo.

Nos presídios superlotados, líderes das organizações criminosas controlam as galerias. Cobram pedágios, "apoiam" na alimentação, nos artigos de higiene pessoal, enfim, suprem a massa carcerária ociosa com itens fundamentais. A conta é cobrada posteriormente, na forma de reincidência.

A verdade é que enquanto o Estado não se fizer presente, não apenas como repressor, mas no cumprimento de todos as suas atribuições, em todas as esferas da sociedade, principalmente nas acima citadas, o crime seguirá dominando.

E as polícias e a Susepe seguirão trabalhando muito, mas esse muito seguirá sendo pouco para controlar a criminalidade.


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