Violência na Serra
Imaginei que não teria mais meu filho, diz mãe de jovem espancado em Caxias do Sul
Rosenilda de Fátima Pinheiro, 39 anos, falou sobre os momentos de angústia que viveu sem saber se o jovem estava vivo ou morto
A primeira notícia que Rosenilda de Fátima Pinheiro, 39 anos, mãe do jovem espancado por um grupo de rapazes na noite de domingo (18), recebeu sobre o filho, ao saber do que tinha ocorrido, foi que ele estava morto.
— Disseram: "Mataram o Leandro e ele está no hospital" — relatou a mãe sobre o que ouviu dos amigos do filho ainda na noite de domingo.
Rose, como é conhecida pelos amigos e vizinhos do bairro Fátima, onde mora há 17 anos, recebeu a reportagem em sua casa na tarde desta segunda-feira (19), contou como ficou sabendo que o filho tinha sido agredido com golpes na cabeça e sobre os momentos de angústia que viveu sem saber se o jovem estava vivo ou morto. Ela disse que não teve coragem de assistir ao vídeo que mostra o espancamento e que está circulando nas redes sociais.
As agressões foram gravadas por uma pessoa ainda não identificada, do alto de um prédio comercial na Rua Sinimbu, quase esquina com a Rua Dr. Montaury. As imagens mostram Leandro sendo empurrado por um integrante de um grupo de jovens. Depois, ele é agredido com uma barra, possivelmente, de metal, na cabeça. Cai e segue sendo atingido por chutes, pisadas e golpes com a barra. Sempre na cabeça.
— Ele teve um corte profundo na cabeça e levou muitos pontos. O médico disse para gente observar ele por 24 horas, fazer curativo todos os dias e, em 15 dias, tirar os pontos — disse Rose.
Rose contou que logo que foi informada que Leandro havia sido levado para o Hospital Pompéia, foi ao local em busca de alguma notícia sobre o estado de saúde do filho. Falou que foram momentos de angústia até que a equipe médica confirmou que ele não corria risco de morte.
— Ele saiu para ir para o Carnaval. Quando recebemos a notícia ficamos apavorados porque ele não briga com ninguém — lamentou a mãe.
Segundo a família, Leandro saiu de casa com a irmã de 16 anos para irem à festa de Carnaval que ocorria no centro de Caxias. Lá, os irmãos teriam se desencontrado.
A adolescente ligou para os pais que foram buscá-la no Centro. Em torno de 20 minutos depois de terem chegado em casa, por volta das 23h, tiveram a notícia de Leandro pelos amigos deles.
— Saímos. Fomos desesperados no hospital. Sedaram ele e só hoje de manhã que o pai (como Rose se refere ao padrasto de Leandro) conseguiu falar com ele. Imaginei que não ia mais ter meu filho. Mas Deus trouxe ele de volta. Estou muito feliz — conta a mãe.
Para Rose, a ação foi uma covardia porque o filho estava sozinho e foi agredido por seis ou sete rapazes. Ela espera por justiça.