Polícia



Vale do Sinos

Facção planejava executar três policiais civis, juiz e agente do Case

Seis envolvidos em plano, desvendado após apreensão de celulares, foram capturados pela Polícia Civil

07/06/2018 - 08h29min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
Enviar E-mail
Polícia Civil / Divulgação
Armas, miguelitos, coletes e drogas foram apreendidos com grupo que planejava execuções

A descoberta de um grupo em São Leopoldo, com armas, coletes e drogas, em fevereiro, frustrou o plano de resgatar um preso da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), executar três policiais civis e um juiz. A mesma facção seria responsável por orquestrar a morte de um agente do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Novo Hamburgo, também no Vale do Sinos. O último plano foi o único concretizado. Nesta terça-feira (5), mais um suspeito foi preso e confirmou a proposta do grupo criminoso.

A estratégia começou a ser desmantelada em 8 de fevereiro, quando a polícia descobriu que criminosos armados estavam escondidos em São Leopoldo. Às 20h30min, policiais civis ingressaram em uma casa no bairro Feitoria. Prenderam quatro homens e apreenderam um adolescente, de 15 anos, com um fuzil 5.56, cinco coletes à prova de balas, quatro pistolas 9 milímetros (de uso restrito) e 90 quilos de maconha. Também foram localizados dois veículos roubados e clonados.

Nos celulares dos presos, os policiais encontraram mensagens trocadas em grupo de WhatsApp. Ali a polícia teve acesso ao plano que incluía o resgate do presidiário e série de crimes contra policiais civis e um juiz. Os cinco estariam no município para participar da ação.

— Nas mensagens, falavam sobre esses possíveis atentados contra essas autoridades — explica o delegado Rodrigo Zucco, da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.

Nesta terça-feira, mais um homem, de 28 anos, de Caxias do Sul, foi preso em São Leopoldo. Em depoimento, confirmou o plano. Estariam envolvidos no resgate criminosos de Lajes, em Santa Catarina, Montenegro, no Vale do Caí, e Rio Grande, no Sul.

— Ele confessou que aqueles planos estavam sendo orquestrados. Felizmente,. todo o plano veio por água abaixo com as prisões — afirmou Zucco.

Os alvos da facção, que não tiveram os nomes divulgados, estiveram envolvidos nas prisões do criminoso que deveria ser resgatado. O preso tem pelo menos 50 anos de condenações por tráfico, homicídio e roubo. As execuções seriam forma de represália. "Chega de não matar polícia. Está na hora de matar polícia", escreveu um dos integrantes do grupo durante a troca de mensagens.

Plano de resgate envolvia 30 criminosos

 O grupo planejava resgatar o criminoso no trajeto para audiência na Vara do Júri de São Leopoldo. Segundo o delegado Rodrigo Zucco, os bandidos carregavam potes com miguelitos (ferros retorcidos), que seriam usados para furar os pneus do comboio que faria o transporte do preso entre Charqueadas e São Leopoldo.

— Eles iriam tentar fazer o resgate durante a condução — explica o delegado.

A bordo de veículos clonados, bandidos armados conseguiriam resgatar o criminoso, que seria levado imediatamente para Santa Catarina. Durante as mensagens, o grupo afirma que 30 criminosos do RS e de Santa Catarina estariam prontos para participar da empreitada.

A polícia descobriu o plano poucos dias antes da audiência, que acabou sendo cancelada e foi realizada por videoconferência. Conforme Zucco, a investigação solicitou à Justiça que o criminoso seja enviado para uma  prisão federal, longe do Rio Grande do Sul, mas ainda não obteve retorno sobre o pedido. A Polícia Civil continua tentando identificar outros envolvidos no plano de resgate.

Morte de agente

O grupo criminoso, o mesmo que ordenou a construção de um túnel para fuga em massa do Presídio Central em 2017, também teria sido responsável pela morte de um agente do Case, em Novo Hamburgo. Hadylson Padilha, 51 anos, foi assassinado após sair da unidade, em janeiro. Três criminosos em um Voyage branco passaram atirando contra os portões do Case no momento que Padilha estava saindo. Ele tentou escapar de carro, foi perseguido e baleado.

Em uma das mensagens descobertas pela polícia, um dos bandidos vangloria-se para os demais de ter participado do crime. "Olha o que eu fiz ontem", escreveu, depois de enviar uma fotografia de um jornal com uma reportagem sobre o assassinato. Segundo o delegado Rogério Baggio, da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, a polícia apura o possível envolvimento do homem preso na terça-feira na morte do agente. 

— Tem uma pessoa que está presa e confessou participação. Não sabemos ainda a motivação, se foi algum desentendimento com algum adolescente que estava lá.  

A polícia tenta identificar mais dois envolvidos na morte do agente. 


 



MAIS SOBRE

Últimas Notícias