Mistério
Gaúcha, mãe e apaixonada por esportes: quem era a turista morta no Rio de Janeiro
Fabiane Fernandes, 30 anos, residia em Santa Catarina com a família há mais de duas décadas
O sorriso era uma marca de Fabiane. É assim que a empresária, moradora de Florianópolis há mais de duas décadas, é lembrada pelos amigos. Mãe de um menino, a gaúcha de 30 anos costumava praticar esportes com frequência. Após desaparecer em uma trilha no domingo, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, onde estava a passeio, foi encontrada morta.
Fabiane é natural de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, mas há cerca de 25 anos morava em Santa Catarina. Atualmente, segundo amigos, a empresária se dividia entre os cuidados com a mãe, o filho de nove anos e a pousada da família. O pai dela já é falecido.
— Era uma pessoa maravilhosa, cheia de vida. Amava muito o filho. Está sendo um choque para todo mundo — conta uma das amigas de Fabiane, que prefere não ser identificada, em respeito à família, que, abalada, não quis se manifestar.
Nas redes sociais, a empresária costumava publicar com frequência fotografias com o filho. "Minha maior herança, meu maior patrimônio, ser mãe é participar... Te amo filho!", escreveu em uma publicação no Facebook. Ela também tinha o hábito de publicar fotografias praticando exercícios, como caminhadas, corridas ou ciclismo, e exaltava o amor pela capital catarinense.
Fabiane cursou Direito na Faculdade Cesusc, em Florianópolis, mas administrava uma pousada na Praia dos Ingleses, na mesma cidade. Os familiares relataram aos amigos dela que souberam do desaparecimento pela imprensa. A empresária teria seguido para o Rio de Janeiro para se encontrar com um morador de Porto Alegre, conforme o jornal Extra, que havia conhecido pela internet. Os dois também tinham se encontrado em uma festa, em Florianópolis, há cerca de um mês. Ela pretendia passar o feriadão no local e depois retornar para Santa Catarina.
O desaparecimento foi informado à Polícia Civil no domingo. Depois disso, os bombeiros passaram a fazer buscas por Fabiane. Em uma última postagem nas redes sociais, ela publicou uma foto de uma trilha. "Exercício diário", escreveu. A empresária se referiu equivocadamente ao lugar como Trilha do Atalaia. No entanto, estava a cerca de seis quilômetros desse ponto.
De acordo com o tenente-coronel Marcelo Fidalgo, do 18º Grupamento de Bombeiros Militar de Cabo Frio, o local onde ela estava era relativamente movimentado.
— Não era uma área isolada. Essa trilha é muito frequentada, principalmente por pescadores — relatou.
O corpo de Fabiane foi encontrado na quarta-feira, durante as buscas com uso de cães farejadores. O cadáver, sem roupas, estava em meio às árvores, a cerca de 30 metros do ponto conhecido como Trilha da Cabocla. O corpo foi encaminhado para necropsia e, depois disso, deve ser liberado para sepultamento. Os familiares não informaram onde deve ocorrer o enterro.
Delegado não descarta latrocínio
O delegado responsável pelo caso, Renato Mariano, titular da 132ª Delegacia de Polícia, em Arraial do Cabo, não descarta o crime de latrocínio (roubo com morte). Ainda que o celular tenha sido encontrado ao lado do corpo, a carteira da vítima estava vazia, de acordo com Mariano. O policial também disse que ainda não é possível saber se ela sofreu violência sexual.
O laudo que deverá indicar a causa da morte de Fabiane poderá demorar cerca de 30 dias para ser concluído. A Polícia Civil localizou imagens que mostram a mulher tomando café da manhã sozinha em uma loja de conveniência de um posto de combustíveis, no bairro Prainha, antes de seguir para a trilha. O vídeo mostra Fabiane digitando no celular. No local, ela chegou a perguntar aos funcionários sobre a trilha.
Ainda conforme o delegado, outros dois casos semelhantes ao assassinato da empresária ocorreram na região próxima de Arraial do Cabo no ano passado. As outras duas vítimas também seriam turistas e estavam em pontos isolados. Para Mariano, no entanto, não há como afirmar se há ligação entre os casos ou algum tipo de assassinato em série.