Astúcia do crime
"Lembro com absoluta certeza que tranquei o carro", diz vítima do golpe do chapolin
Representante comercial, que prefere não ser identificado, relata prejuízo após criminosos usarem equipamento que embaralha sinais do alarme de veículos para furtar itens valiosos
As compras rápidas no caminho para casa, após sair do trabalho, transformaram-se em transtorno para um representante comercial de 65 anos, morador de Porto Alegre. Quando voltou para o carro, no estacionamento do supermercado, na Avenida Ipiranga, bairro Santa Cecília, descobriu que seus pertences tinham sido levados. O que lhe intrigava, no entanto, era a certeza de que havia acionado o alarme. Para a Polícia Civil, ele foi mais uma vítima do uso do chapolin, dispositivo empregado por ladrões nos furtos em automóveis.
O equipamento, semelhante a um controle remoto, embaralha os sinais eletromagnéticos do alarme e impede que o veículo seja trancado. Alguns modelos conseguem, inclusive, copiar o código de segurança da chave. Quando o proprietário se afasta, os ladrões entram rapidamente no carro e levam o que estiver dentro dele. Rádio, estepe, GPS, mochila, tablet, notebook e celular estão entre os itens mais cobiçados pelos bandidos.
O representante comercial, que prefere não ser identificado, lembra que chovia naquela noite de agosto, quando procurava uma vaga no estacionamento. Assim que outro automóvel saiu, estacionou o Cobalt e seguiu rapidamente em direção ao supermercado.
— O alarme não emite som, mas lembro com absoluta certeza que tranquei o carro. É um cuidado que sempre tenho porque costumo deixar coisas dentro dele — recorda.
O representante não recorda de ter alguém próximo dele no momento em que desembarcou. Conforme o delegado, alguns criminosos permanecem dentro de outro veículo, aguardando a chegada da vítima. A distância alcançada pelo aparelho varia, mas alguns modelos, oferecidos em sites, prometem desempenho em até 600 metros.
Foram cerca de 20 minutos entre o momento que o representante estacionou e retornou ao carro com as compras. Após abrir a porta, percebeu que o porta-luvas estava aberto. Como não havia nenhum sinal de arrombamento, não se preocupou imediatamente. Quando procurou pelo GPS, percebeu que tinha sido levado. A mochila, com outros pertences, também tinha desaparecido. Depois de ter sido vítima, adota outros cuidados.
— Fiquei no prejuízo uma vez. Agora desço, aciono o alarme, espero alguns segundos e confiro se está mesmo trancado — conta.
- Criminosos costumam escolher veículos onde podem furtar algum item de valor. Portanto, não deixe mochilas ou objetos como eletrônicos dentro do carro. Também evite deixar esses itens no veículo, ainda que seja no porta-malas.
- Fique atento se o alarme realmente emitiu som. Quando o chapolin é utilizado, as portas não irão travar e não emitirá som.
- Espere alguns segundos e tente abrir as portas do carro para se certificar de que está trancado.
- Trancas eletrônicas modernas, que geram códigos distintos a cada vez que são acionadas, podem evitar a clonagem feita pelo dispositivo.