Polícia



Astúcia do crime

 O que é o chapolin, aparelho que vem preocupando donos de veículos no RS

Dispositivo permite que criminosos ingressem nos carros e levem objetos das vítimas

20/11/2018 - 21h09min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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reprodução / RBS TV
Semelhante a um controle remoto, equipamento é vendido em sites de compra internacionais

As compras rápidas no caminho para casa, após sair do trabalho, transformaram-se em transtorno para um representante comercial de 65 anos, morador de Porto Alegre. Quando voltou para o carro, no estacionamento do supermercado, na Avenida Ipiranga, bairro Santa Cecília, descobriu que seus pertences tinham sido levados. O que lhe intrigava, no entanto, era a certeza de que havia acionado o alarme. Para a Polícia Civil, ele foi mais uma vítima do uso do chapolin, dispositivo empregado por ladrões nos furtos em automóveis.

O equipamento, semelhante a um controle remoto, embaralha os sinais eletromagnéticos do alarme e impede que o veículo seja trancado. Alguns modelos conseguem, inclusive, copiar o código de segurança da chave. Quando o proprietário se afasta, os ladrões entram rapidamente no carro e levam o que estiver dentro dele. Rádio, estepe, GPS, mochila, tablet, notebook e celular estão entre os itens mais cobiçados pelos bandidos.

Em Porto Alegre, neste ano, segundo a Polícia Civil, foram registrados oito casos onde há suspeita de que foi usado o chapolin. Em geral, os ladrões utilizam o aparelho para furtar os objetos dentro do veículo.

— Não são índices altos. Mas isso realmente causa um prejuízo bem grande. Já vi casos em que um furto em veículo causou prejuízo de R$ 10 mil ao proprietário. Em geral, os casos acontecem em estacionamentos de grandes comércios, como supermercados ou shoppings, mas também em ruas com pouca movimentação. Eles visam algum objeto de valor — explica o delegado Adriano Nonnenmacher, da Delegacia de Roubos de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Muitas pessoas, quando encontram uma vaga para estacionar, descem rapidamente do carro e acionam o alarme quando já estão caminhando. Isso é um perigo porque ela não vai ter certeza de que foi trancado.

ADRIANO NONNENMACHER

delegado da Delegacia de Roubos de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic)

Os bandidos costumam ficar atentos à movimentação dos condutores. Agem no momento em que o motorista fecha o carro e, distraidamente, não confere se realmente está trancado. O acionamento precisa ser no mesmo momento em que a vítima utiliza o controle do veículo.

— Muitas pessoas, quando encontram uma vaga para estacionar, descem rapidamente do carro e acionam o alarme quando já estão caminhando. Isso é um perigo, porque ela não vai ter certeza de que foi trancado — alerta o policial.

Na internet, o dispositivo é comercializado como um controle remoto, em sites de compra internacionais. No entanto, a polícia sabe que o aparelho também é vendido de forma irregular em outros comércios. A fácil aquisição do dispositivo preocupa.

— Infelizmente essas vendas, sem fiscalização, são um problema. O mesmo ocorre com peças veiculares que estão sendo vendidas pela internet — afirma Nonnenmacher.

Os objetos obtidos pelos ladrões normalmente são revendidos por valores reduzidos. Quem é flagrado cometendo esse tipo de crime pode responder por furto qualificado. As pessoas que adquirem os itens furtados podem ser punidas pelo crime de receptação. 

Como se proteger

  • Criminosos costumam escolher veículos onde podem furtar algum item de valor. Portanto, não deixe mochilas ou objetos como eletrônicos dentro do carro. Também evite deixar esses itens no veículo, ainda que seja no porta-malas.
  • Fique atento se o alarme realmente emitiu som. Quando o chapolin é utilizado, as portas não irão travar e não emitirá som.
  • Espere alguns segundos e tente abrir as portas do carro para se certificar que está trancado.
  • Trancas eletrônicas modernas, que geram códigos distintos a cada vez que são acionadas, podem evitar a clonagem feita pelo dispositivo.

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