Mistério
Novas buscas com cães farejadores terminam sem pistas do paradeiro de gerente em Anta Gorda
Jacir Potrich, 55 anos, desapareceu de dentro de casa em 13 de novembro, no Vale do Taquari
Em busca de pistas sobre o paradeiro do gerente de banco Jacir Potrich, 55 anos, equipes com cães farejadores percorreram a área próxima do condomínio onde fica a residência da família em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Nos últimos dois dias, bombeiros e policiais fizeram buscas em um raio de dois quilômetros quadrados à procura de vestígios do bancário. Mais uma vez, sem sucesso.
O mistério que cerca o desaparecimento de Potrich, no município de 6 mil habitantes, estende-se por mais de três semanas. Na noite de 13 de novembro, o gerente do Sicredi sumiu da casa onde morava com a mulher e um sobrinho dela. A moradia está localizada em condomínio fechado, afastado da área urbana, com apenas outros dois imóveis. Para chegar até as residências, é preciso passar pela portaria. No entanto, há acesso pela área dos fundos.
Nesta semana, equipes de Santa Cruz do Sul e da Capital percorreram a área próxima da casa e depois se embrenharam em matagais nos fundos da propriedade. A maior parte da procura foi concentrada em área fora do condomínio. O perímetro, segundo o delegado Guilherme Pacífico, foi definido a partir do ponto do desaparecimento. A ação foi mantida em sigilo até esta quinta-feira (6).
— Precisávamos esgotar algumas possibilidades, que, com o decorrer do tempo, poderiam apresentar algum tipo de sinal, a localização de um corpo enterrado, por exemplo. Por isso, foram feitas buscas com cães de faro, que podem tanto localizar pessoas vivas, como cadáveres — afirmou.
Os bombeiros já tinham reduzido o nível de água de açude perto da propriedade para facilitar as buscas. Ao longo da investigação, na residência da família, foram feitas perícias. O resultado dessa análise é mantido em sigilo por Pacífico.
— Já fizemos diversas perícias. Estamos em total sintonia com o Instituto-Geral de Perícias (IGP). Cada minuto que passa é uma angústia para a família, mas para nós é um minuto a mais de conhecimento e avanço no trabalho investigativo — explica.
Sobre a hipótese de sequestro, inicialmente considerada a mais provável pela polícia, Pacífico diz que nada pode ser descartado, mas reconhece que não houve pedido de resgate. Buscas com cães foram feitas em locais que poderiam ser cativeiros.
— Tecnicamente, não houve sequestro, não houve extorsão, nem contra a instituição financeira e nem contra a família. Até presente data, não temos prova de vida. Mas não é um crime tão incomum — analisa.
As pessoas só falam disso aqui. Diariamente está no inconsciente de todo mundo. Querem saber o que aconteceu com Jacir Potrich e a quem interessa esse desaparecimento ou morte
GUILHERME PACÍFICO
Delegado de Polícia
A polícia já ouviu mais de 60 pessoas para tentar traçar o perfil do gerente, os últimos passos antes do desaparecimento e as possíveis motivações para o sumiço. O delegado diz que o caso é considerado prioritário e conta com auxílio do Departamento de Investigações Criminais (Deic).
— As pessoas só falam disso aqui. Diariamente está no inconsciente de todo mundo. Querem saber o que aconteceu com Jacir Potrich e a quem interessa esse desaparecimento ou morte. Nossa obrigação é emprestar o máximo de atenção e do nosso conhecimento, da expertise investigatória ao caso — afirma.
O sumiço
O sobrinho do casal, de 24 anos, teria sido o primeiro a perceber a falta de Potrich. A mulher do bancário, Adriane Balestreri Potrich, 53 anos, relatou que estava em Passo Fundo naquela noite. Ela disse que o jovem entrou em contato com ela por WhatsApp comentando que o tio não estava na casa, por volta das 20h30min.
A contadora disse que imaginou que ele estava em alguma pescaria e só começou a se preocupar na manhã seguinte. Ao tentar falar com o marido por telefone para avisar que estava saindo de Passo Fundo, na quarta-feira, 14 de novembro, a chamada teria caído na caixa de mensagens. No mesmo dia, o desaparecimento foi informado à polícia.
Câmeras
Câmeras mostram o gerente chegando ao condomínio às 19h07min da noite do sumiço. Ele entra na casa e passa pela porta dos fundos, com balde, no qual estariam peixes fisgados no açude de um amigo, e um copo. O bancário caminha em direção ao quiosque da piscina. Os peixes foram limpos e guardados na geladeira. A pia, as facas e a tesoura usadas ficaram sujos. Potrich não teria dormido em casa, já que o quarto do casal estava intacto.