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Violência

Corpo de adolescente, primeira vítima de homicídio do ano em Porto Alegre, segue no DML

Polícia Civil tenta encontrar familiares de rapaz executado a tiros na Capital

06/01/2019 - 16h26min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Vítima foi encontrada caída na Rua Avelino Angelo Andreis, no bairro Partenon, na Zona Leste

O abandono marcou a breve vida de Rafael Ferreira de Souza, 14 anos, e também a morte. Na virada do ano, o garoto, de rosto arrendondado, foi amarrado e executado a tiros na rua, no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre. Desde o dia 1º de janeiro, seu corpo repousa no necrotério do Departamento Médico Legal (DML) da Capital. Ninguém reclamou por ele.

O porto-alegrense completaria 15 anos no próximo dia 7 de abril. Apesar da pouca idade, acumulava histórico conturbado. Nos últimos anos, entrava em abrigos, envolvia-se em confusões, fugia deles e vivia muitas vezes sem paradeiro.

Em 2 de janeiro, foi registrado contra ele ocorrência de dano no abrigo onde esteve nos últimos meses, também no bairro Partenon. O adolescente era suspeito de ter arrancado as portas de um armário, junto a outros dois abrigados. Desde o dia 27 de dezembro, estava desaparecido da unidade.

No abrigo, até a tarde deste domingo (6), ninguém sabia que o garoto havia sido assassinado. Uma irmã costumava ir até a casa visitar o adolescente, que era chamado pelos outros abrigados de Gordinho. Ele chegou a passar o Natal com ela. Mas não era procurado por outros familiares. O local onde ele foi morto fica a cerca de 750 metros da unidade.

— Era um guri sem paradeiro. Com uma trajetória bem traumática. Tem vários registros de desaparecimento. Acabava sendo encontrado e transferido para outro abrigo, mas fugia novamente — relata o delegado Rodrigo Reis, titular da 1ª DHPP de Porto Alegre.

No início do ano passado, Rafael chegou a ser encontrado em Palmares do Sul, a mais de 100 quilômetros da Capital.

— Perambulava de um lado para o outro. É assustador, com tão pouca idade. É difícil traçar a trajetória. Ele surge, daqui a pouco some, é encontrado, volta ao abrigo. Vivia como morador de rua e abrigado — afirma Reis.

Quando foi morto, na madrugada de Ano-Novo, Rafael usava apenas bermuda e chinelos. Teve as mãos amarradas e foi executado com tiros no rosto. No crime, foram usadas espingarda calibre 12 e pistola 9 milímetros. Para a polícia, o adolescente foi pego em outro local e obrigado a ir até a Rua Avelino Angelo Andreis. Ainda não se sabe de onde ele teria sido levado.

Os disparos foram ouvidos pelos moradores por volta das 3h30min. O assassinato foi o primeiro de 2019 na Capital. Segundo o delegado, nos próximos dias, a polícia percorrerá os abrigos por onde o garoto passou nos últimos anos.

— É um caso de difícil elucidação. Esperamos que alguém possa nos dar detalhamento maior sobre com quem ele andava — diz o delegado.

Polícia suspeita de represália

Em seu histórico, conforme a Polícia Civil, Rafael acumulava registros de atos infracionais, a maioria dentro dos abrigos. Uma das suspeitas do delegado Reis é que o garoto possa ter sido executado, após ter se envolvido em algum delito. Rafael não tinha registro de ligação com o tráfico de drogas.

— Pode até ter arranjado algum problema com pessoal do tráfico. Mas não nos parece a hipótese mais plausível. Suspeitamos que possa ter cometido algum ato infracional nas imediações e acabou morto pelos moradores ou por alguma facção. Alguns crimes não são aceitos nessas comunidades — cogita o policial.



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