Investigação
Cadeirante e homem baleado na freeway saíram de bar juntos, diz polícia
Depoimento de baleado é considerado fundamental pela polícia para elucidar crime na BR-290
O depoimento de um homem baleado na madrugada desta terça-feira (5) às margens da freeway, em Porto Alegre, é considerado essencial pela Polícia Civil para elucidar o crime. A vítima, hospitalizada em estado grave, e um comerciante foram alvejados nas proximidades de um Astra. Adão Antunes de Brito, 39 anos, que era cadeirante, morreu no local. Os dois teriam saído juntos de um bar, em Gravataí, por volta das 3h.
A principal hipótese investigada no momento pelos policiais é que Brito tenha atirado no homem, de 37 anos, que não teve o nome divulgado, e cometido suicídio. Mas segundo a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a polícia aguarda para ouvir o sobrevivente.
— Estamos esperando e torcendo pela recuperação dele, que, infelizmente, está em estado grave. Não temos imagens de câmeras e nem testemunhas. Sem esses elementos, é muito difícil saber o que aconteceu — afirma.
A polícia ouviu na terça-feira a mulher do cadeirante, um filho dele e duas irmãs. De acordo com a delegada, nenhum dos familiares conhecia o homem baleado. Apenas relataram que Brito estaria no bar do qual era proprietário em Gravataí, município onde residia com a família. Ele teria deixado o local na companhia do homem que acabou ferido a tiros.
— Ninguém conhecia ele. Não sabemos qual o vínculo dos dois, além do fato de terem sido vistos saindo juntos desse bar — diz a delegada.
O veículo estava em um barranco às margens do km 92 da rodovia e o caso, inicialmente,foi atendido como saída de pista. Os dois foram encontrados feridos por volta das 5h. O Astra era adaptado para o cadeirante. Além da cena do crime, a versão de que teria ocorrido uma tentativa de homicídio seguida de suicídio teria sido relatada pela vítima a dois agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A delegada diz que intimou os dois policiais rodoviários para que sejam ouvidos nos próximos dias.
— Só temos essa informação da PRF, que foi a primeira a atender a ocorrência. Ele (baleado) teria dito que o cadeirante deu dois tiros nele e se suicidou. Precisamos ouvi-los para saber detalhes — explica.
Brito foi atingido por um disparo na cabeça e o outro homem foi baleado em um dos braços e no peito. Foi solicitada perícia no veículo para tentar identificar possíveis digitais de outras pessoas. Dentro do Astra não havia sinais de disparos e os dois estavam do lado de fora. A arma estava na mão do cadeirante.
— Há vestígios de suicídio. Como o tiro encostado, por exemplo. Mas claro que todas as situações serão investigadas.
Conforme a delegada, o revólver de calibre 38 pertencia a Brito. A polícia ainda está verificando se a arma tinha registro, já que o número havia sido alterado. O cadeirante possuía antecedentes por ameaça (em 2014), disparo de arma de fogo (em 2007) e tráfico de drogas (em 2001). O homem baleado tem antecedente por lesão corporal.
Brito foi sepultado na manhã desta quarta-feira (6), no Cemitério Municipal de São Leopoldo. A polícia não localizou ainda endereço ou familiar do baleado na Região Metropolitana. Ele é natural de Rio Grande, município da Região Sul.