Julgamento em Três Passos
Em depoimento, madrasta deve inocentar o pai de Bernardo e alegar morte acidental
Graciele Ugulini será a primeira a depor no quarto dia de julgamento, nesta quinta-feira
Ao depor na manhã da quinta-feira, no julgamento em Três Passos, a madrasta de Bernardo Uglione Boldrini, Graciele Ugulini, deverá manter a versão que inocenta Leandro Boldrini de qualquer participação na morte do menino. Nesta quarta-feira (13), Boldrini depôs e afirmou que quem planejou e executou o crime foram Graciele e a amiga Edelvânia Wirganovicz. Os três são réus no processo pela morte do garoto, assim como Evandro Wirganovicz.
Apesar da acusação, o advogado de Graciele, Vanderlei Pompeo de Mattos, não fez questionamentos ao réu.
— Só tornaria mais polêmica a manifestação dele. É a versão apresentada por ele. Eu me sustento na versão apresentada pela minha cliente e amanhã vai ser o momento dela apresentar a versão dela — explicou Pompeo de Mattos.
É a primeira vez que Graciele falará publicamente sobre o crime. O único depoimento que deu foi à polícia, em 30 de abril de 2014.
— Ela ocultou (de Boldrini) o acidente ocorrido (a madrasta alega que a morte foi acidental). Tanto que a ida à festa (o casal foi em uma festa no sábado, dia 5 de abril de 2014) foi uma forma de dissimular mais ainda. Não contou nada para ele — disse o advogado.
E essa história de comoção que pregaram? Tchê, sobrou banco no plenário. Não vi uma pessoa se manifestando. Cadê o clamor público? Venderam essa imagem para polemizar o que não existe.
Pompeo de Mattos afirmou que Graciele não pretende silenciar, mas que vai depender da postura do Ministério Público.
— Vejo uma postura odiosa por parte da acusação. Venho lutando há cinco anos, estou com espingarda de pressão e máquina estatal do Judiciário está com um míssil contra nós. É todo um aparato estatal contra um defensor com cliente presa. E essa história de comoção que pregaram? Tchê, sobrou banco no plenário. Não vi uma pessoa se manifestando. Cadê o clamor público? Venderam essa imagem para polemizar o que não existe.
Ele já havia se manifestado pouco antes do início do julgamento, na segunda-feira, afirmando que sustentará a tese de que o crime foi culposo (sem intenção de matar), já que, segundo ele, Graciele teria permitido que o enteado tomasse os medicamentos, que acabaram resultado na sua morte. Essa versão, de que houve um acidente e não um crime, deve ser defendida pelo advogado ao longo dos debates.
A juíza Sucilene Engler avisou os jurados, no final da sessão desta quarta-feira (13), que nesta quinta-feira os trabalhos devem ultrapassar as 19h. A intenção é dar início aos debates entre Ministério Público e defesas, para garantir que o julgamento seja encerrado na sexta-feira.