Polícia



Noroeste do RS

Família de contadora morta espera há dois meses por sepultamento

Sandra Mara Lovis Trentin, 48 anos, que sumiu em janeiro do ano passado em Palmeira das Missões. A ossada foi encaminhada para perícia e não foi liberada até hoje

26/03/2019 - 22h50min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Especial / Especial
Em 21 de janeiro, os restos mortais foram localizados às margens de uma lavoura de soja

A família de Sandra Mara Lovis Trentin, 48 anos, que sumiu em janeiro do ano passado em Palmeira das Missões, na Região Noroeste, aguarda há dois meses para atender o último pedido feito pelo pai dela. Antes de morrer, sem saber o paradeiro da filha, Agileu Trentin, 72 anos, pediu que ela fosse enterrada junto a ele, caso a contadora fosse encontrada sem vida. Em 21 de janeiro, os restos mortais foram localizados às margens de uma lavoura de soja. A ossada precisou ser encaminhada para perícia, que busca esclarecer as circunstâncias do crime, e ainda não foi liberada para sepultamento. 

Paulo Ivan Baptista Landfeldt, marido de Sandra e vereador em Boa Vista das Missões, é apontado pelo Ministério Público como mandante do crime. O político chegou a ser detido em fevereiro do ano passado, mas atualmente responde ao processo em liberdade. O outro réu, Ismael Bonetto, 22 anos, acusado de ter cometido o assassinato em troca de dinheiro, permanece preso. 

Quatro dias após a ossada ser encontrada, perícia inicial da arcada dentária confirmou que os restos mortais eram de Sandra. A família então passou a planejar como atender o último pedido do pai, que morreu na noite de Natal, após um mês hospitalizado em Cruz Alta. O corpo de Agileu, que sofria de câncer de pulmão, foi sepultado no cemitério de Boa Vista das Missões. O mesmo deve ocorrer com a filha.

Junto ao túmulo de Agileu, foi preparada outra sepultura para receber os restos mortais de Sandra. A irmã mais nova da contadora, Cátia Denise Lovis Trentin, 41 anos, diz que a família vive meses de angústia. 

— Há o conforto por termos encontrado o corpo. Mas vivemos uma ansiedade grande. Continuamos esperando — desabafa Cátia.

A localização do corpo quase um ano depois confirmou o que tanto a Polícia Civil quanto o MP afirmavam: a mulher desapareceu porque foi morta. Para a acusação, Bonetto assassinou a contadora a mando do marido dela. O suspeito chegou a confessar o crime quando foi preso. Relatou que teria cometido o assassinato em troca de dinheiro. Mas voltou atrás uma semana depois e alegou que tentou extorquir o político. Landfeldt sempre negou envolvimento. 

Causa da morte ainda é mistério

Após a localização dos restos mortais, a defesa de Bonetto encaminhou à Justiça pedido para que a prisão preventiva do réu fosse revogada. A solicitação foi negada. O defensor Antônio Korsack Filho fez questionamentos para serem respondidos pela perícia. Os laudos encaminhados à Justiça não apontam a causa da morte de Sandra. No primeiro depoimento, Bonetto havia afirmado que assassinou a contadora com um tiro no peito. 

— A blusa que estava no corpo não tem sinais de sangue e nem de pólvora. Não foi encontrada na ossada, nas roupas e nem na cova projétil de arma de fogo. Essas respostas reforçam a tese de que ele (Bonetto) mentiu quando assumiu esse crime — argumenta o defensor do réu. 

Segundo a delegada Cristiane Van Riel, a polícia aguarda outros laudos da perícia – que não têm prazo para serem finalizados – para concluir qual a causa da morte da vítima. O promotor Guilherme Martins de Martins afirmou que só se manifestará após analisar os laudos periciais. 

Conforme o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a identificação foi possível, mas o corpo não foi liberado porque estão sendo feitas análises para determinar a causa da morte. A previsão é que o laudo fique pronto entre 20 e 30 dias e só então será feita a liberação para a família.

Do sumiço ao encontro do cadáver

O desaparecimento

Sandra residia em Boa Vista das Missões com o marido, Paulo Landfeldt, e três filhas. Ainda era mãe de um jovem, de um relacionamento anterior. Em 30 de janeiro do ano passado, seguiu até Palmeira das Missões para resolver questões de trabalho. Nunca mais retornou. A caminhonete foi encontrada no mesmo dia.  

Os réus

No mês seguinte, o marido dela foi preso, após Ismael Bonetto confessar ter matado a mulher a mando dele. O rapaz mudou de versão uma semana depois. Em entrevista a ZH, em janeiro, o preso disse que tentou se aproveitar da situação. 

Da mesma forma, o marido de Sandra nega envolvimento na morte. No início deste mês, Landfeldt ofereceu recompensa de R$ 30 mil para quem repassasse informações sobre o caso.

Localização do corpo

O cadáver foi encontrado em um matagal a cerca de 40 quilômetros de onde ela desapareceu. Foram encontrados cartões bancários em nome de Sandra. 


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