Sistema prisional
Número de fugas do regime fechado no RS dobrou em quatro anos
Em 2015, foram 76 presos que escaparam, enquanto que no ano passado foram 158
O número de fugas no regime fechado do sistema prisional do Rio Grande do Sul praticamente dobrou nos últimos quatro anos, saltando de 76 em 2015 para 158 no ano passado. No período, 585 presos conseguiram escapar de prisões de regime fechado. Os dados foram obtidos por GaúchaZH por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Além da superlotação, a precarização de estruturas antigas — chamadas de "queijo suíço" por causa da quantidade de furos — e o avanço das facções para o interior são apontados como as principais causas para a elevação no número de fugas.
Secretário Estadual da Segurança Pública na maior parte do período analisado, Cézar Schirmer atribui a elevação no número de fugas ao crescimento da população carcerária nos últimos cinco anos.
— Eram 29 mil presos no começo do governo e, quando saímos, estava em torno de 40 mil. No Brasil, aumentou de 300 mil pra 700 mil. Primeiro motivo é superpopulação carcerária. O segundo é a falta de ações de ressocialização dos apenados e estruturas das prisões inadequadas — avaliou o ex-secretário.
A criação de novas vagas nesse período, principalmente a partir da liberação do Complexo Penitenciário de Canoas, não acompanhou o crescimento da população carcerária. Ao mesmo tempo, presídios do interior permaneceram com as estruturas defasadas.
— As casas prisionais do Estado do Rio Grande do Sul são casas antigas. As mais novas, e são poucas, têm 10, 15 anos. São 95 casas prisionais com mais de 50, 60 e até 80 anos de estrutura predial — explicou o superintendente dos Serviços Penitenciários, Mário Santa Maria Júnior.
Diretor de Comunicação da Amapergs Sindicato, entidade que representa os agentes penitenciários, Marcos Silva diz que a superlotação nas celas representa um ganho de força para os presos abrirem buracos para fugir.
— Imagina uma cela em que a previsão é ter seis presos, mas tem 18. Aumenta o potencial de força— descreveu o diretor de comunicação do sindicato.
De acordo com Silva, o baixo efetivo, em alguns casos, impede que os agentes realizem a chamada revista estrutural. No procedimento, que deve ser realizado duas vezes por dia, procuram por danos causados pelos presos para fugir.
— Se deixa de realizar uma revista estrutural, tu dá mais 12 horas para os presos terminarem o buraco — completa Silva.
2019 em alerta
Embora não apareça no levantamento solicitado via Lei de Acesso à Informação, GaúchaZH apurou que 41 presos conseguiram escapar do regime fechado nos três primeiros meses do ano.
Houve quatro fugas em massa nos primeiros meses do ano. Em Passo Fundo, 17 detentos escaparam em janeiro. Uma picape foi utilizada para derrubar o portão principal, por onde fugiram.
Uma fuga também foi registrada no Presídio de Erechim, com a fuga de 13 presos. Em Cruz Alta, três presos fugiram pelo teto.