Violência
Caso Eduarda: assassinato de menina chega a seis meses sem respostas
Eduarda Herrera de Mello, nove anos, sumiu em 21 de outubro do bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, e foi encontrada morta no dia seguinte, dentro do rio Gravataí
Na Páscoa de 2018, Eduarda Herrera de Mello, nove anos, brincou com o irmão e com crianças do bairro. Posou para fotos ao lado dos amiguinhos, com os chocolates que havia ganhado. Divertiu-se com os doces que faziam colorir a língua.
Kendra Camboim Herrera, 32 anos, guarda essas lembranças com o apego de quem já perdeu muito.
Neste domingo (21), a mãe seguiu até o Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre, onde a menina foi sepultada em outubro. A data marca os seis meses da noite em que Duda foi levada da frente de casa, no bairro Rubem Berta, na zona norte da Capital.
A criança foi achada morta na manhã seguinte, no Rio Gravataí. O crime segue sem solução.
Há meio ano, a mãe lida com a dor e a revolta pela perda da primogênita. Após a morte da menina, a família deixou a casa para onde havia se mudado em busca de mais segurança. Apesar de se dizer descrente com o possível desfecho do caso, Kendra tem postergado uma nova mudança, dessa vez para Santa Catarina, onde pretende recomeçar a vida:
— Quero que isso se resolva antes — diz.
Na noite de 21 de outubro, Duda andava de roller na frente de casa, com o irmão e uma amiga — ambos de seis anos, na época — quando foi raptada. O brinquedo havia sido emprestado por outra menina. A família estava à luz de velas. Por isso, um eletricista foi até a residência para testar o que estava acontecendo. Kendra entrou para auxiliar.
— Mãe, eu posso andar aqui na frente? — indagou Duda.
Quando Kendra voltou, minutos depois, não encontrou mais a filha. Descobriu que ela havia embarcado em um veículo vermelho. Foi vista conversando com o motorista do carro. Duda, que sonhava ser médica, foi encontrada morta às margens da RS-118, em Alvorada, na manhã seguinte. A perícia apontou que a menina morreu por afogamento. O corpo estava dentro do Rio Gravataí.
A hipótese mais provável, investigada pela polícia, é que o condutor do veículo tenha levado Duda até o rio naquela noite e assassinado a menina. A motivação e autoria, no entanto, seguem misteriosas. Policiais refizeram o possível trajeto do veículo em busca de câmeras. Nenhuma permitiu identificar o homem que levou a menina.
O relato de uma testemunha possibilitou que a polícia divulgasse um retrato falado do suspeito de ter raptado a menina. A imagem gerou uma série de denúncias. Mas acabou resultando também na divulgação de informações falsas sobre possíveis suspeitos. Depois disso, a polícia decidiu colocar a investigação sob sigilo.
— Eles não sabem nada. Com toda a tecnologia que tem, com tudo, como eles não têm nada? Eu não acredito nisso — reclama a mãe, que tem tatuada no braço esquerdo uma fotografia da menina de sorriso largo.
Segundo a delegada Sabrina Dóris Teixeira, que atua na investigação há três meses, o caso é tratado com prioridade, mas segue sem novidades na apuração do crime:
— Infelizmente não conseguimos nenhum avanço. Não chegamos ao autor. É um caso muito grave. Continua sendo a nossa prioridade. Sempre que recebemos alguma denúncia, vamos atrás e verificamos. Seguimos trabalhando — garante.
A polícia pede que informações sobre o caso sejam repassadas pelo 197 ou pelo Disque Denúncia, no 181.