Rede pública
Escola de Porto Alegre suspende aulas após pichações com referência a massacre em Suzano
Xingamentos e ameaças na Escola Municipal Monte Cristo assustaram professores e pais de alunos. Vandalismo foi flagrado por câmeras de segurança e será investigado
Na esteira do massacre em Suzano, uma ação de vândalos gerou apreensão na escola municipal Monte Cristo, zona Sul de Porto Alegre. De acordo com o diretor Cezar Augusto Teixeira, pelo menos dois homens — aparentemente adultos — entraram na instituição no domingo (14) e picharam xingamentos e ameaças, inclusive de cunho sexual, contra professores. Frases como "Suzano voltará aqui" geraram apreensão entre docentes, alunos e familiares.
De acordo com Cezar, funcionários, estudantes e pais só souberem do ocorrido nesta segunda-feira (15) pela manhã, quando chegaram à escola. Apesar do ambiente conturbado, houve aula no primeiro turno do dia. À tarde, a direção optou por suspender as atividades escolares.
— É uma escola querida pela comunidade, nunca houve nada assim antes. É um ato de desrespeito e desmerecimento, pois não havia nenhuma pichação no local. Estávamos fazendo algumas reformas. A quadra, por exemplo, que está sendo ajeitada e pintada, foi depredada — diz Cesar Augusto, acrescentando: — O que mais chocou foram as menções a Susano. E também palavrões escritos na área onde ficam as crianças do jardim de infância.
O diretor explica que câmeras de segurança flagraram a empreitada. O material mostra suspeitos encapuzados andando pelas dependências do colégio. As filmagens serão encaminhadas para investigação.
— O que fizemos de mal para esse pessoal? Talvez algum ex-aluno com raiva.
A 13ª Delegacia de Polícia está responsável pelo caso. Conforme o chefe da investigação, José Franco, o que se tem até o momento é apenas o registro do boletim de ocorrência e alguns depoimentos tomados na escola. Não há uma linha de investigação definida, e os policiais aguardam o envio das imagens das câmeras.
— É preciso encarar ameaças assim com ressalva, mas não podemos menosprezar. Vamos ficar atentos — garante Franco.
Susto na chegada
A primeira a chegar na escola pela manhã foi Ana Paula Silva Machado, 37 anos, serviços gerais da instituição e mãe de aluno do sexto ano. Segundo ela, ao chegar no local para trabalhar, foi avisada pelo vigia de que a escola fora vandalizada.
— Me apavorei, assim como todos que chegavam. Os alunos foram chegando e mandando fotos para os pais. As famílias começaram a ligar, assustadas. Antes havia guarda aqui durante o dia, que dava segurança — revela Ana Paula.
O diretor Cezar Augusto corrobora a opinião da funcionária de que a presença de autoridades nas escolas inibe a violência, seja contra pessoas ou contra o patrimônio
— A presença de guardas talvez não vai garantir segurança, mas dá sensação de que estamos mais protegidos — pontua o diretor.
O titular da 13ª DP, delegado Luciano Coelho, diz que é preciso cautela para não dar visibilidade a eventos desse tipo e, consequentemente, estimular jovens a evocarem o massacre que deixou um total de 10 mortos (incluindo os dois assassinos) como tentativa de chamar a atenção.
— Até o momento, não se verifica nenhum tipo de veiculação com Suzano. Foram atos de vandalismo. A perícia já foi feita e, se for verificado que houve apenas danos ao patrimônio, o caso vai para outra delegacia.
A Secretaria Municipal da Educação (Smed), por meio de nota, afirma que acionou a Secretaria Municipal de Segurança para "solicitar reforço na vigilância realizada por meio de patrulhamento diário da Guarda Municipal e pelo monitoramento das câmeras no Centro de Comando Integrado (Ceic)".
Confira a nota:
A Secretaria Municipal de Educação recebeu com apreensão a informação sobre o ocorrido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Monte Cristo, e acionou a Secretaria Municipal de Segurança no começo da manhã desta segunda-feira, 15, para solicitar reforço na vigilância realizada por meio de patrulhamento diário da Guarda Municipal e pelo monitoramento das câmeras no Centro de Comando Integrado (Ceic). A secretaria irá encaminhar o boletim de ocorrência para investigação da Polícia Civil.
As aulas foram suspensas na tarde desta segunda. As imagens monitoradas pela Guarda Municipal foram enviadas à Polícia Civil para auxiliar na investigação. A Smed permanece acompanhando a situação e oferecendo apoio à escola.
Secretaria de Segurança informa que monitora escolas
Também por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança informou que o "patrulhamento nas escolas municipais é feito diariamente nas 99 unidades".
"Em 67 escolas, entre elas a Escola Municipal de Ensino Fundamental Monte Cristo, há vigilância fixa, não armada, durante os finais de semanas e feriados. Quando existe necessidade, o reforço é chamado e o patrulhamento, intensificado".
O órgão informa que o ato de vandalismo na escola Monte Cristo "ocorreu antes da chegada do guarda municipal".
"Na noite desta segunda-feira, 15, será realizada uma reunião na escola, entre a direção, pais e Guarda Municipal", diz outro trecho do comunicado.
A secretaria também destaca que as escolas da rede municipal contam com o auxílio de câmeras de vigilância. Desse montante, 72 podem ser monitoradas pela Guarda Municipal diretamente do Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (Ceic) e em 27 o monitoramento das imagens é feito no local.
"O controle dessas imagens não é feito de forma simultânea. A Guarda Municipal também acompanha as imagens de outros prédios municipais, como unidades de saúde e parques".