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Escola de Porto Alegre suspende aulas após pichações com referência a massacre em Suzano

Xingamentos e ameaças na Escola Municipal Monte Cristo assustaram professores e pais de alunos. Vandalismo foi flagrado por câmeras de segurança e será investigado

15/04/2019 - 21h57min


Homero Pivotto Jr.
Omar Freitas / Agencia RBS
"Susano (sic) voltará aqui!!!", diz pichação em quadra esportiva da escola

Na esteira do massacre em Suzano, uma ação de vândalos gerou apreensão na escola municipal Monte Cristo, zona Sul de Porto Alegre. De acordo com o diretor Cezar Augusto Teixeira, pelo menos dois homens — aparentemente adultos — entraram na instituição no domingo (14) e picharam xingamentos e ameaças, inclusive de cunho sexual, contra professores. Frases como "Suzano voltará aqui" geraram apreensão entre docentes, alunos e familiares.

De acordo com Cezar, funcionários, estudantes e pais só souberem do ocorrido nesta segunda-feira (15) pela manhã, quando chegaram à escola. Apesar do ambiente conturbado, houve aula no primeiro turno do dia. À tarde, a direção optou por suspender as atividades escolares.

— É uma escola querida pela comunidade, nunca houve nada assim antes. É um ato de desrespeito e desmerecimento, pois não havia nenhuma pichação no local. Estávamos fazendo algumas reformas. A quadra, por exemplo, que está sendo ajeitada e pintada, foi depredada — diz Cesar Augusto, acrescentando: — O que mais chocou foram as menções a Susano. E também palavrões escritos na área onde ficam as crianças do jardim de infância.

O diretor explica que câmeras de segurança flagraram a empreitada. O material mostra suspeitos encapuzados andando pelas dependências do colégio. As filmagens serão encaminhadas para investigação.

— O que fizemos de mal para esse pessoal? Talvez algum ex-aluno com raiva.

A 13ª Delegacia de Polícia está responsável pelo caso. Conforme o chefe da investigação, José Franco, o que se tem até o momento é apenas o registro do boletim de ocorrência e alguns depoimentos tomados na escola. Não há uma linha de investigação definida, e os policiais aguardam o envio das imagens das câmeras.

— É preciso encarar ameaças assim com ressalva, mas não podemos menosprezar. Vamos ficar atentos — garante Franco.

Omar Freitas / Agencia RBS
Segundo diretor da escola, pelo menos dois homens (aparentemente adultos) praticaram os atos de vandalismo

Susto na chegada

A primeira a chegar na escola pela manhã foi Ana Paula Silva Machado, 37 anos, serviços gerais da instituição e mãe de aluno do sexto ano. Segundo ela, ao chegar no local para trabalhar, foi avisada pelo vigia de que a escola fora vandalizada.

— Me apavorei, assim como todos que chegavam. Os alunos foram chegando e mandando fotos para os pais. As famílias começaram a ligar, assustadas. Antes havia guarda aqui durante o dia, que dava segurança — revela Ana Paula.

O diretor Cezar Augusto corrobora a opinião da funcionária de que a presença de autoridades nas escolas inibe a violência, seja contra pessoas ou contra o patrimônio

— A presença de guardas talvez não vai garantir segurança, mas dá sensação de que estamos mais protegidos — pontua o diretor.

O titular da 13ª DP, delegado Luciano Coelho, diz que é preciso cautela para não dar visibilidade a eventos desse tipo e, consequentemente, estimular jovens a evocarem o massacre que deixou um total de 10 mortos (incluindo os dois assassinos) como tentativa de chamar a atenção.

— Até o momento, não se verifica nenhum tipo de veiculação com Suzano. Foram atos de vandalismo. A perícia já foi feita e, se for verificado que houve apenas danos ao patrimônio, o caso vai para outra delegacia.

A Secretaria Municipal da Educação (Smed), por meio de nota, afirma que acionou a Secretaria Municipal de Segurança para "solicitar reforço na vigilância realizada por meio de patrulhamento diário da Guarda Municipal e pelo monitoramento das câmeras no Centro de Comando Integrado (Ceic)".

Confira a nota:

A Secretaria Municipal de Educação recebeu com apreensão a informação sobre o ocorrido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Monte Cristo, e acionou a Secretaria Municipal de Segurança no começo da manhã desta segunda-feira, 15, para solicitar reforço na vigilância realizada por meio de patrulhamento diário da Guarda Municipal e pelo monitoramento das câmeras no Centro de Comando Integrado (Ceic). A secretaria irá encaminhar o boletim de ocorrência para investigação da Polícia Civil. 

As aulas foram suspensas na tarde desta segunda. As imagens monitoradas pela Guarda Municipal foram enviadas à Polícia Civil para auxiliar na investigação. A Smed permanece acompanhando a situação e oferecendo apoio à escola.

Secretaria de Segurança  informa que monitora escolas

Também por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança informou que o "patrulhamento nas escolas municipais é feito diariamente nas 99 unidades".

"Em 67 escolas, entre elas a Escola Municipal de Ensino Fundamental Monte Cristo, há vigilância fixa, não armada, durante os finais de semanas e feriados. Quando existe necessidade, o reforço é chamado e o patrulhamento, intensificado".

O órgão informa que o ato de vandalismo na escola Monte Cristo "ocorreu antes da chegada do guarda municipal". 

"Na noite desta segunda-feira, 15, será realizada uma reunião na escola, entre a direção, pais e Guarda Municipal", diz outro trecho do comunicado.

A secretaria também destaca que as escolas da rede municipal contam com o auxílio de câmeras de vigilância. Desse montante, 72 podem ser monitoradas pela Guarda Municipal diretamente do Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (Ceic) e em 27 o monitoramento das imagens é feito no local.

"O controle dessas imagens não é feito de forma simultânea. A Guarda Municipal também acompanha as imagens de outros prédios municipais, como unidades de saúde e parques".




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