Homicídio
Caseiro, empregado há três meses e com sonho de ter filhos: quem era o vigilante assassinado em obra
Ricardo Matheus Alves, 27 anos, foi atingido por cerca de seis tiros enquanto trabalhava nesta quarta-feira. Sem antecedentes, família não entende motivo para crime
Já estava combinado: Laini Alves Fraga, 20 anos, e o irmão mais velho, Ricardo Matheus Alves, 27 anos, sairiam na tarde desta quarta-feira (8) para comprar o presente que dariam no Dia das Mães. O plano era presentear dona Vanda Alves, torcedora fanática do Grêmio, com uma camiseta do time tricolor. No domingo (12), juntariam a família na casa onde as duas moram, em Canoas, na Região Metropolitana. Ele faria o churrasco para comemorar a data. Dona Vanda ficará sem a refeição que seria preparada pelo filho mais velho. Seis tiros interromperam os planos.
Na manhã desta quarta-feira (8), a família seguia sua rotina. Laini estava no ônibus que a levaria até o curso técnico onde estuda quando recebeu uma ligação desesperada da mãe. Dona Vanda assistia ao Bom Dia Rio Grande quando foi surpreendida por uma notícia: um vigilante havia sido assassinado na obra da nova ponte do Guaíba, mesmo local onde o primogênito estava trabalhando há três meses.
— Sai do ônibus na hora. Tinha engarrafamento, provavelmente por causa do que aconteceu com meu irmão. Peguei um carro de aplicativo e corri pra casa para encontrar minha mãe — lembra Laini.
A confirmação que as duas temiam veio em seguida. A vítima atingida por seis tiros de pistola 9 milímetros por volta das 2h30min desta quarta-feira, na obra da nova ponte do Guaíba, era Alves. Natural de Canoas, ele morava há cerca de um ano com uma companheira, em Gravataí, também na Região Metropolitana. O casal estava reformando a moradia. Pretendiam ter filhos em breve.
— Quando ele começou a namorar e foi morar com ela, ficamos muito felizes por ele ter encontrado uma pessoa. Ele me disse esses dias que estavam querendo ter filhos. Estava empregado, em uma fase ótima — conta a irmã.
Alves estava há três meses na empresa. Em uma madrugada a cada duas, permanecia em uma das três guaritas que ficam na obra da nova ponte do Guaíba. Antes disso, havia trabalhado como ajudante de carga e descarga. Frequentador de uma igreja evangélica e considerado pela família como um jovem caseiro, a irmã não consegue entender motivos que levariam alguém a querer matá-lo.
— Seis tiros? Quando tu dispara tantas vezes em alguém tu quer mesmo matar. Não sei se os criminosos se confundiram ou o que aconteceu. Mas meu irmão não tinha nenhum inimigo ou desavença. Não tem nenhuma explicação — desabafa Laini.
A hipótese na qual a família acredita, de que Alves tenha sido atingido por engano, não é descartada pela polícia. A investigação, comandada pela delegada Roberta Bertoldo, irá verificar a escala junto à empresa responsável e conversar com pessoas próximas para descobrir se o vigia teria alguma desavença.
— Meu irmão sempre foi muito caseiro. Ele não era de sair, não era de festa. Desde que foi morar com a companheira, estava até frequentando a igreja. Não faz sentido — conta a irmã.
O corpo de Alves será velado a partir das 19h desta quarta-feira, no Cemitério Municipal Santo Antônio, em Canoas. Ainda não há informações sobre horário de sepultamento.