Crime organizado
Como age quadrilha especializada em roubo de celulares na Região Metropolitana
Grupo seria responsável por pelo menos nove ataques a transportadoras e depósitos desde 2017, levando carga de 19,4 mil aparelhos
A Polícia Civil investiga um grupo criminoso que seria responsável por pelo menos nove assaltos milionários de cargas de celulares na Região Metropolitana desde junho de 2017. De lá para cá, foram levados 19,4 mil telefones pela quadrilha. Para a Polícia Civil, trata-se de uma organização criminosa que mantém o mesmo núcleo e alterna integrantes em cada ataque aos depósitos de lojas e transportadoras.
Veja, passo a passo, como agem os criminosos:
1.
Os bandidos, segundo a polícia, são escolhidos por um mesmo núcleo porque têm experiência nessas ocorrências desde 2017, e também porque já se conheciam anteriormente. Alguns são novos, justamente por causa das prisões já ocorridas.
2.
Os grupos são formados por até 20 criminosos, em diversos veículos. Os ladrões geralmente usam máscaras e luvas cirúrgicas, além de armas de grosso calibre, como fuzis. Em apenas um assalto, envolvendo vítima em cárcere privado, os bandidos não esconderam o rosto.
3.
Já sabendo que há carregamento de celulares em um determinado depósito, eles monitoram o local por mais de duas horas e atacam no período entre 22h e 4h. Em média, não ficam mais do que 15 minutos no local. Uma das ações durou apenas sete minutos.
4.
Para entrar no depósito, rendem um dos funcionários ou derrubam o portão com caminhão. Ingressam com seus veículos, incluindo caminhões e vans. Vão direto ao local onde os celulares estão armazenados. Começam a carregar a mercadoria. Em alguns casos, as próprias vítimas são obrigadas a carregar as caixas para os suspeitos. Isso agiliza a ação.
5.
Geralmente fogem com vigilante ou funcionário das empresas como refém, abandonando as vítimas e um dos carros pelo caminho ou trocando de veículos. Os automóveis, como nos fatos mais recentes, passaram a ser incendiados, para evitar a localização de pistas.
Cronologia dos ataques
- 6 de junho de 2017: criminosos renderam o motorista que chegava ao depósito da Latam, no bairro Navegantes. Cerca de 20 assaltantes roubaram 2,7 mil celulares (avaliados em R$ 2,8 milhões). Balearam o vigia de posto de combustível ao lado.
- 7 de outubro de 2017: oito criminosos atacaram o depósito da Claro, no bairro Sarandi. Eles fugiram com 2.897 smartphones. Não foi informado pela empresa atacada o valor subtraído.
- 24 de novembro de 2017: o filho do gerente do local foi mantido em cárcere privado para que o pai abrisse o portão do depósito. Quatro bandidos roubaram 2.008 aparelhos.
- 19 de janeiro de 2018: oito criminosos arrombaram o portão com um caminhão de areia roubado. Levaram 1,4 mil smartphones em uma van. Os assaltantes ainda deram tiros para cima em frente ao depósito.
- 5 de abril de 2018: pelo menos 10 ladrões atacaram a transportadora Fedex, no bairro Sarandi. Derrubaram o portão de entrada com um caminhão. Ainda levaram arma e colete de um dos seguranças. Foram levados 1.030 celulares (avaliados em R$ 500 mil).
- 9 junho de 2018: pelo menos 15 criminosos com fuzis usaram caminhão para derrubar portão da Fedex. Funcionários foram usados como escudo humano. Foram levados 3,1 mil celulares (avaliados em R$ 1 milhão).
- 23 de novembro de 2018: grupo atacou o depósito da Multisom, no bairro Floresta. Um funcionário foi abordado por parte do bando ao chegar em casa. O pai dele, também funcionário, foi rendido e obrigado a abrir o depósito. Levaram 1,9 mil celulares (avaliados em R$ 5 milhões).
- 22 de janeiro de 2019: entre oito e 10 criminosos entraram no depósito da Via Varejo, em Cachoeirinha. Foram levados 1,4 mil celulares (avaliados em R$ 1 milhão). Menos de oito horas depois, um ladrão foi morto em confronto e outros oito foram presos.
- 26 de fevereiro de 2019: criminosos atacaram o depósito da Latam no aeroporto Salgado Filho. O grupo manteve o dono de uma transportadora em cárcere privado e o obrigou a chamar um dos motoristas para ingressar no depósito. Os bandidos, com fuzis, levaram 3 mil celulares (avaliados em R$ 2 milhões).
Contraponto
FedEx Express:
"A segurança e proteção de nossos colaboradores e da carga dos nossos clientes são nossas maiores prioridades e cooperamos com as autoridades nas investigações de atividades criminosas visando nossas operações. Contamos com diversos níveis de proteção e continuamos aprimorando nosso programa de segurança. Nós não divulgamos detalhes das nossas medidas de segurança."
Latam:
"A Latam Cargo Brasil informa que está colaborando com as autoridades policiais nas investigações."
Multisom:
A direção da Multisom afirmou que prestou apoio aos funcionários vítimas do ataque ocorrido em novembro do ano passado, que alterou regras de segurança e que está colaborando com as investigações.