Latrocínio na Capital
Imigrantes conseguem cerca de R$ 17 mil para pagar traslado de corpo do senegalês morto durante roubo em Porto Alegre
Babacar Niang, 35 anos, foi assassinado na noite de domingo, no bairro Belém Velho
Menos de 24 horas após serem informados da morte de um senegalês durante assalto, em Porto Alegre, imigrantes de todo o Brasil se mobilizaram e conseguiram juntar o dinheiro necessário para o traslado do corpo de Babacar Niang, 35 anos, para sua cidade natal, no país africano. O imigrante foi morto no domingo (2), no bairro Belém Velho, enquanto trabalhava como motorista de aplicativo.
Segundo o presidente da associação dos senegaleses de Porto Alegre, Mor Ndiaye, o dinheiro foi obtido com ajuda da comunidade do país africano espalhada por todo o Brasil. O custo de translado está estimado em R$ 17 mil.
— Infelizmente estamos acostumados com essas situações. Quando alguém falece, a comunidade se mobiliza para levar o corpo o mais rápido possível — lamentou.
Morando em Porto Alegre há 10 anos, o presidente da associação diz que não é a primeira vez que uma situação dessas acontece. Em janeiro de 2017, um outro senegalês foi morto na Praça da Matriz, no centro da Capital, durante assalto. Na época, o mesmo procedimento foi adotado.
O corpo de Niang ainda está no Departamento Médico-Legal, mas a família espera que a liberação ocorra até a quarta-feira (5). Depois, será levado até a cidade de Watef — distante 150 quilômetros da capital do Senegal, Dacar.
Investigação
O caso inicialmente foi apurado pelo Departamento de Homicídios. Conforme o diretor da unidade, delegado Eibert Moreira Neto, foi feita uma investigação preliminar e se verificou indícios de crime patrimonial. Assim, o assassinato passou a ser investigado como latrocínio (roubo com morte).
— Ouvimos algumas pessoas e fizemos redistribuição da investigação para a delegacia do bairro. A vítima não tinha antecedentes. Era um indivíduo estrangeiro, legalmente no Brasil, trabalhando regularmente quando foi morto — detalha o delegado.
O caso agora é investigado pela 19ª Delegacia de Polícia, que começou nesta terça a sua apuração. Segundo o delegado Daniel Ordahi, o carro usado por Niang para trabalhar como motorista de aplicativo foi encontrado no bairro Cascata, na Zona Sul. O veículo está sendo periciado.
Na manhã desta terça (4), familiares e cerca de 20 amigos do senegalês que moram em Porto Alegre encontraram-se em frente ao Palácio da Polícia, no bairro Azenha, para buscar informações sobre a investigação.
O que diz a Uber
Com perplexidade e tristeza, a equipe da Uber teve conhecimento de que Babacar Niang foi vítima de um crime terrível. Neste momento, nossos sentimentos de pesar estão com sua família, amigos e colegas. Continuamos tentando entrar em contato com familiares para oferecer apoio e o acionamento do seguro que protege as viagens realizadas com o aplicativo. A Uber está colaborando ativamente com a investigação da Polícia Civil, fornecendo as informações solicitadas, de acordo com a legislação. Esperamos que o crime seja esclarecido rapidamente e que os responsáveis por tirar a vida de Babacar sejam levados à Justiça sem delongas.