Região Metropolitana
Jovem morto durante assalto em Viamão havia sido vítima de roubos outras duas vezes
Wesley Diego da Silva, 26 anos, tinha dormido na casa de um amigo por temer nova ação de ladrões
Por já ter sido vítima de dois assaltos, Wesley Diego da Silva, 26 anos, morador de Viamão, ao deixar o serviço, em um restaurante de Porto Alegre, na noite de domingo, decidiu dormir na casa de um colega. O objetivo era, só na manhã seguinte, retornar a sua residência. Quando voltava, por volta de 9h30min de segunda-feira, acabou sendo vítima de latrocínio (roubo com morte).
Faltavam duas quadras para chegar a sua moradia, quando Wesley foi abordado por ocupantes de um carro, na Rua Guanabara. Como de costume, o jovem estava com fones de ouvido. O veículo chegou a passar por ele, mas o motorista deu ré e parou ao seu lado.
— Acho que quando viram que ele estava com os fones, imaginaram que tinha celular. Ele foi de boa, talvez pensando que os ocupantes do carro queriam alguma informação — disse uma testemunha que pediu para não ser identificada.
Essa mesma pessoa viu quando Wesley ficou disputando sua mochila com um dos ocupantes do carro. Em seguida, ouviu os estampidos.
— Os dois puxavam a mochila. Os tiros foram dados sem que os ladrões saíssem do carro. Foram três disparos — descreveu.
Depois de baleado, Wesley ainda conseguiu dar alguns passos, até tombar junto à entrada do salão onde costumava fazer a barba e cortar o cabelo.
Testemunhas são ouvidas
O crime deixou moradores do bairro Monte Alegre, onde o rapaz sempre vivera, abalados. Muitos não só o conheciam, como o viram crescer pelas ruas da região.
— Era um cara muito gente fina. Nunca ouvi ele falar um palavrão sequer. Falava baixo e estava sempre rindo — relata um amigo, de 37 anos.
Uma vizinha, de 66 anos, lembra tê-lo conhecido ainda criança.
— Ele parecia um parente nosso, conheço há mais de 40 anos a família dele — afirma.
Moradores da Rua Guanabara, onde ocorreu o crime, não escondem o medo de que novos casos venham acontecer. De acordo com eles, a via liga vários bairros de Viamão e facilita uma possível fuga para Alvorada e outras cidades da Grande Porto Alegre, por exemplo.
Em relação ao latrocínio, a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, disse que estão sendo ouvidas testemunhas, analisadas imagens de câmeras de segurança e informações fornecidas pelo Instituto-Geral de Perícias.
Havia conseguido emprego
Wesley, de acordo com seus familiares, estava feliz. Após ficar um tempo desempregado, há menos de um mês começara a trabalhar em restaurante em Porto Alegre. Ele era o segundo dos quatro filhos de Carlos Roberto da Silva, 51 anos, morador de Cidreira.
— Meu filho nunca fumou, nunca foi sequer de ir a festas. Se alguém disser que ele alguma vez tiver desrespeitado uma criança ou adulto, é porque não conhecia o meu filho. Há um descaso do poder público que não dá plenas condições às polícias para evitarem esse tipo de coisa — desabafa o pai.
De acordo com Carlos Roberto, a mãe de Wesley também foi assaltada duas vezes. Por isso, o rapaz tinha tanto receio de retornar para casa à noite.
— A dor de enterrar um filho é incomparável — conclui o pai, minutos após o sepultamento, no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, no centro de Viamão.