Zona Sul
Perícia confirma que líquido usado em ataques em Porto Alegre era ácido sulfúrico
Substância empregada principalmente em baterias de veículos foi encontrada nas roupas de cinco vítimas
O Instituto Geral de Perícias (IGP) confirmou na tarde desta quinta-feira (27) que a substância usada por um criminoso em ataques na semana passada nos bairros Nonoai e Hípica, zona sul de Porto Alegre, era ácido sulfúrico. Daniel Scolmeister, diretor do Departamento de Perícias Laboratoriais, diz que o material, encontrado nas roupas das cinco pessoas atingidas, trata-se do mesmo produto.
Segundo ele, o ácido oxidante, para uso laboratorial, pode chegar a 98% de concentração. Já a chamada "água de bateria", que é diluída, tem concentrações menores, em torno de 30%, e é o tipo mais encontrado no comércio. Scolmeister ressalta que o dano à saúde humana depende da quantidade e da qualidade do ácido.
– Conforme a quantidade da substância misturada com água, o dano à saúde humana é maior, causando ardência, desidratação, queimadura e podendo, se não for tratado rapidamente, causar uma necrose do local atingido – explica Scolmeister, afirmando ainda que não foi possível detectar a concentração do ácido usado nos crimes porque, ao queimarem, as roupas neutralizaram o produto.
Ainda de acordo com o IGP, o ácido, que pode ser acondicionado em frascos plásticos, é vendido sem restrições no comércio. Isso impossibilita a identificação do ponto de venda e, consequentemente, do comprador.
O delegado Luciano Coelho, titular da 13ª Delegacia, diz que aguarda outros resultados periciais para tentar identificar o suspeito dos ataques. Um deles é a perícia em imagens (de má resolução) da placa de um veículo HB20 de cor branca. O carro foi usado em quatro dos cinco ataques, mas ainda não há identificação do automóvel.
— Estamos mapeando todas as casas entre os bairros Hípica e Nonoai para ver se deixamos escapar alguma que tenha imagens do veículo — diz Coelho.
Em relação às imagens dos ataques, ele confirma que tem vídeos de quatro casos, também sem boa definição. A polícia segue procurando mais testemunhas e não teve registro de mais casos. Segundo Coelho, todas as informações que chegaram foram checadas e eram boatos.
Sobre uma carta com ameaças e instruções para novos ataques— jogada com uma pedra nesta semana em uma casa na Rua Dona Zulmira, no bairro Cavalhada —, a polícia diz que procura testemunhas e novas imagens. O objetivo é confirmar se o fato ocorreu para tentar confundir a investigação ou se tem mesmo ligação com os ataques.
Em caso de contato com ácido, se a roupa for atingida, a pessoa deve retirar a peça o mais rápido possível e lavar a pele com água corrente por até 15 minutos. Um médico deve ser procurado.