Violência
Polícia investiga cinco casos de pessoas feridas com ácido em Porto Alegre
Uma das vítimas corre risco de perder a visão de um olho atingido pela substância
A Polícia Civil está investigando cinco ataques em Porto Alegre em que as vítimas foram atingidas com substância ácida. Quatro mulheres e um homem relataram ocorrências semelhantes na mesma região da cidade, na Zona Sul.
Segundo a polícia, o primeiro caso foi registrado na quarta-feira (19), às 23h30min, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai, e o suspeito estava em uma bicicleta.
De acordo com o delegado Luciano Coelho, os outros quatro casos ocorreram na manhã desta sexta-feira (21), entre as 6h30min e as 7h30min. Foram dois ataques na Rua Francisca Bolognese, no bairro Hípica, e mais dois na Rua Santa Flora.
As vítimas desta sexta relataram que um homem em um carro — possivelmente um HB20 de cor branca — teria se aproximado e disparado a substância.
O líquido corroeu tecidos das roupas das vítimas e causou queimaduras no rosto e pescoço, além de inchaço.
— As vítimas não têm qualquer relação de parentesco ou de amizade. O sujeito parece escolher pessoas aleatoriamente para jogar o líquido — explica o delegado.
Vítimas relatam uso de líquido sem cheiro e com diferentes cores
O jovem Leonardo Fassina Clock, de 17 anos, foi a primeira vítima desta sexta-feira. Ele estava na Rua Francisca Bolognesi, às 6h20min, indo em direção a uma parada de ônibus, quando percebeu que um carro branco, semelhante a um HB20, arrancou e começou a avançar vagarosamente em sua direção.
— Pensei que seria assaltado, mas continuei caminhando normalmente. Quando o carro chegou perto de mim, parou do meu lado e atirou um líquido. Ouvi um barulho, um chiado, aí olhei para o meu casaco, e estava todo queimado — lembra Leonardo.
O jovem sofreu queimadura no ombro. Segundo ele, o veículo do agressor permaneceu parado no local enquanto ele buscava ajuda de vizinhos.
Mais tarde, às 7h20min, Gladis Nievinski foi também vítima de ataque semelhante. Ela se encaminhava para o trabalho, em um pequeno estabelecimento comercial, na Rua Santa Flora, quando percebeu que um carro branco se aproximou. Ela percebeu que o veículo rodou na contramão para ficar mais perto dela, mas o ignorou:
— Pensei que era alguém capaz de dizer uma gracinha ou coisa assim. Em seguida, senti algo molhar meu pescoço. Passei a mão no rosto, então senti arder e doer muito. Quando olhei para meu casaco, estava todo furado. Minha sorte é que não olhei para o motorista, pois acho que a intenção dele era esperar eu me virar para atingir o meu rosto.
Gladis sofreu queimaduras no pescoço e no rosto, perto dos lábios. Outras vítimas sofreram lesões maiores no rosto, e uma delas corre risco de perder a visão de um olho atingido.
Gladis acredita que os ataques vão seguir caso o responsável não seja detido:
— Por enquanto, os crimes ocorreram na mesma região, mas se essa pessoa não for detida, poderá ocorrer também na Zona Norte, no Centro, no Moinhos de Vento, em qualquer bairro.
A polícia investiga o caso. Ainda não se sabe que tipo de líquido foi usado nos ataques, mas as vítimas relatam soluções de diferentes cores, sem cheiro, e altamente abrasivas.