Perfil falso nas redes
Golpe dos nudes: homem perde R$ 18 mil após ser extorquido por estelionatária
Polícia Civil busca novas vítimas do crime pelo Rio Grande do Sul
Trocar fotos íntimas pela internet virou um campo fértil para estelionatários. Nos últimos meses, homens procuraram a Polícia Civil para contar que foram vítimas do "golpe dos nudes", em Torres (duas denúncias), Cachoeirinha (uma denúncia) e Portão (cinco denúncias).
De acordo com a Polícia Civil, todos os golpes seguiram o mesmo roteiro. O perfil de uma mulher jovem faz um convite de amizade em uma rede social. O homem aceita e as pessoas começam a trocar mensagens. Com o andamento da conversa, ambos enviam fotografias íntimas — as chamadas "nudes".
Logo depois, o perfil falso afirma que a mulher interpretada é uma adolescente, de pouco mais de 15 anos. Quase que simultaneamente, um outro criminoso aparece se dizendo pai da menina e faz uma revelação: afirma ser um policial civil e promete denunciar o homem para as autoridades, a não ser que pague pelo silêncio.
No caso mais recente, no início de agosto, em Torres, o falso agente solicitou o valor de R$ 11,6 mil para não denunciar o caso às autoridades. A vítima procurou um advogado e, juntos, foram até a delegacia da cidade.
Já em Cachoeirinha, no mês passado, o crime deu certo para os bandidos. Um homem casado envolveu-se em uma troca de mensagens com o estelionatário, primeiro pelo Facebook, depois no WhatsApp. O homem chegou a enviar uma foto sua despida, o que foi a arma usada pelo criminoso para chantageá-lo. Ele acabou fazendo três depósitos, que somaram aproximadamente R$ 20 mil, em contas dos criminosos.
Após ser vítima, o homem, acompanhado de um advogado, procurou a Polícia Civil de Cachoeirinha.
O delegado Leonel Baldasso informa que identificou a pessoa que recebia os depósitos: uma mulher, sem antecedentes criminais, de aproximadamente 30 anos. Ela está cadastrada como visitante de um presidiário. O fato reforça a suspeita da polícia de que a organização para o crime parte de dentro de casas prisionais.
— A maioria das vítimas é pessoa casada. O criminoso que ligou sabia detalhes sobre a vida da vítima através de análise de engenharia social. Adicionam ou seguem vários próximos do alvo. Chegaram a perguntar sobre aniversário da sobrinha desse caso em específico. A vítima casada, com medo de arruinar sua vida, preferiu pagar e alimentar os bandidos — declarou Baldasso.
A investigação em Cachoeirinha ainda depende de autorização de pedidos feitos à Justiça.
O delegado Juliano Aguiar, responsável pela investigação de Torres, informou que há um outro caso também na cidade e mais relatos chegando de outras cidades do Estado. Por isso, apura o crime com colegas de outras delegacias.
— Os crimes têm o mesmo modus operandi e, aparentemente, foram feitos pelo mesmo grupo — alerta o policial.
Casos no Vale do Sinos
Em Portão, foram registrados cinco casos desse golpe durante 10 dias, no mês de maio. Depois de convencer a vítima a trocar fotos íntimas, um homem entra em contato com o alvo. Por telefone, o homem apresenta diferentes identificações: em alguns casos, se disse pai da jovem; em outros, afirmou ser advogado dela ou delegado investigando o caso.
Quando se identifica como pai, o golpista alega que descobriu o relacionamento e que a filha é menor de 18 anos. Ele diz que a vítima responderá por pornografia infantil e que irá denunciar na polícia, mas exige uma quantia em dinheiro para não fazê-lo. Em alguns casos, o estelionatário afirma que o homem será processado ou preso (quando se identifica como advogado ou policial).
Outra tática dos criminosos mira alvos casados. O golpista ameaça expor as fotografias e a troca de mensagens para a esposa da vítima. É uma forma de tentar convencer os alvos a depositarem os valores exigidos. A extorsão começa com pedidos de valores mais baixos, que vão aumentando com o passar dos dias. Nos cinco registros feitos em Portão, nenhuma das vítimas chegou a fazer o depósito.
Os delegados consultados não descartam mais casos que não foram registrados, uma vez que as vítimas sentem-se envergonhadas de ter seus nomes registrado em ocorrências de crimes como este. A Polícia Civil não informou o total de casos registrados no Rio Grande do Sul.
Como não cair no golpe:
- Evite iniciar conversas por meio de aplicativos de mensagens com perfis desconhecidos.
- Não troque fotografias, que possam ter conotação íntima, por meio de aplicativos, como WhatsApp ou Messenger.
- Evite conversas por meio de aplicativos com prefixo telefônico desconhecido.
- Não faça depósitos, transferências ou pagamentos para desconhecidos.
- Se for vítima de algum golpe ou de tentativa de abordagem desse tipo, procure a polícia e registre ocorrência.