Às escuras
Mesmo após furto de fios de energia, escola de Alvorada vai retomar aulas nesta terça-feira
Colégio Stella Maris sofreu três ataques em uma semana
A escuridão tomou conta da Escola Estadual de Ensino Fundamental Stella Maris, localizada na Travessa Leopoldo Cirne, bairro Stella Maris, em Alvorada, nesta segunda-feira (23). Em dois ataques durante o feriadão, criminosos furtaram fios de chumbo de 10mm da rede elétrica, deixando salas de aula, equipamentos e refeitório sem energia. As aulas de todos os turnos foram canceladas.
A expectativa da direção da escola é de que, mesmo sem energia, as aulas sejam retomadas nesta terça-feira (24) com horário reduzido. Segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), a equipe da Coordenaria Regional de Educação esteve no local, "para que possa resolver questões relativas a perda de aula ou dias letivos, com o objetivo de não prejudicar os estudantes".
No dia 16 de setembro, a diretora da escola, Lise Fernanda Barcellos, registrou o primeiro ataque em boletim de ocorrência. Na ocasião, salas de aula e biblioteca ficaram às escuras.
Na madrugada desse sábado (21), a diretora afirma ter percebido que a escola foi alvo de outro furto, que causou falta de energia na cozinha e refeitório. Alguns alimentos que estavam em um freezer tiveram de ser transferidos para não estragarem. A direção agiu e evitou qualquer perda.
Na madrugada de segunda-feira (23), uma nova surpresa negativa esperava a comunidade escolar da Stella Maris: o terceiro ataque, que deixou toda a escola sem energia.
— De manhã, os professores se depararam com a situação. Então, chamamos a comunidade escolar, explicamos a situação e fizemos uma caminhada para informar os moradores sobre o ocorrido. Dividimos nossas angústias com os professores, funcionários e comunidade. Nem todos sabem o que está se passando — relata Lise.
A 2ª Delegacia de Polícia Civil de Alvorada apura os furtos de energia. Segundo o delegado Luiz Carlos Rollsing, da 2ª DP do município, a investigação está em fase inicial:
— Estamos buscando mais dados. Vamos ver se fazemos uma colaboração com a BM. É uma investigação difícil. Buscamos testemunhas. Alguém que possa nos dar mais informações. A falta de iluminação e monitoramento dificultam muito.
Manifestação
Na tarde desta segunda-feira (23), os alunos, professores e pais fizeram outra caminhada, carregando cartazes em manifestação ao ocorrido. Dezenas de pessoas participaram da ação, que foi acompanhada pela Brigada Militar.
Segundo o comandante do 24ª Batalhão da Brigada Militar (BM), em Alvorada, tenente-coronel Jeferson Marques de Melo, o patrulhamento na região é diário e ostensivo, sendo feito em três turnos. Mas ele diz que os criminosos agem quando a circulação de pessoas é menor.
— Entraram de madrugada, em horário que ninguém frequenta o local. O patrulhamento da BM ocorre pela manhã, tarde e noite. Naquele horário, é reduzido. A Brigada está alerta e vai agir no sentido de identificar se o material for comprado em algum ferro-velho, para podermos chegar até os meliantes. Comumente, eles vendem esse material para comprar drogas — explica o comandante.
Refeição
Importante elemento no dia a dia dos alunos, segundo a diretora, a alimentação diária da escola terá de ser adaptada. Sem energia elétrica, o funcionamento de equipamentos usados no preparo das refeições fica comprometido.
— Vamos rever o cardápio junto à Coordenadoria de Educação. Não vamos deixar de dar. Para alguns alunos, é a única refeição do dia — relata a diretora.
Histórico de furtos
Não é a primeira vez que a Escola Stella Maris é alvo de criminosos. Segundo a diretora, há três anos, outros ataques causaram prejuízos à instituição. Eletrônicos e refletores da quadra de esportes foram levados pelos ladrões.
Câmeras de segurança chegaram a ser instaladas para inibir crimes, informa Lise — que trabalha na escola há 17 anos — mas também foram furtadas.
A Seduc garantiu que "a escola está providenciando os orçamentos para a realização da recolocação dos fios", informação que foi confirmada pela direção do colégio.
Em nota, a Seduc também afirmou que "será feito contato com a Brigada Militar para verificar, em parceria, ações que possam ser tomadas". No entanto, a pasta não deu previsão de quando o processo de reinstalação da rede será finalizado.