Polícia



Sistema prisional

Transferidos nove presos envolvidos em plano de fuga na Penitenciária Estadual de Porto Alegre

Apenados usaram serras para cortar grades de celas e portavam um revólver

14/01/2020 - 09h20min

Atualizada em: 14/01/2020 - 09h22min


Humberto Trezzi
Humberto Trezzi
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Susepe / Divulgação
Material apreendido nas celas inclui serra, alicate e até um revólver calibre .38

Na manhã desta segunda-feira (13) nove presos da Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa) foram transferidos para o complexo penal de Charqueadas, como punição. Eles estão envolvidos num plano de fuga que quase se concretizou. Foi a primeira tentativa de escapada nesse que é o mais novo presídio de Porto Alegre, inaugurado no final de 2018.

Na última terça-feira, agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) descobriram que esses presos, ligados a uma facção criminosa originária da Zona Leste de Porto Alegre, tentaram uma fuga. Eles serraram grades de celas da galeria A e chegaram ao pátio, mas não conseguiram pular os muros, que têm mais de quatro metros de altura. Eles foram também surpreendidos pela ronda noturna dos guardas.

O setor de inteligência da Susepe conseguiu descobrir os envolvidos e foram apreendidos nas celas deles diversos materiais ilícitos, incluindo um revólver calibre .38, alicate (usado para cortar cerca) e uma serra, que foi utilizada para partir grades. Os objetos estavam em celas diferentes.

O achado indignou a juíza Sonáli da Cruz Sluhan, da Vara de Execuções Criminais da Capital (VEC), especialmente por ser numa penitenciária "nova em folha". A magistrada quer saber como uma arma foi parar com uma facção.

—Isso é inadmissível. A arma, inclusive, poderia provocar uma reação em cadeia que gerasse rebelião ou tomada de reféns. Espero que uma investigação elucide esse mistério — reclama Sonáli.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seapen) informa que, no caso específico, o material teria sido arremessado no pátio e "pescado" pelos presos, desde dentro dos pavilhões prisionais. Uma outra tentativa recente teve uso de drone, que voa direto até a cela.

A Pepoa foi construída mediante permuta do Estado com a iniciativa privada e abriga hoje 640 presos, acima de sua capacidade, que é de 412 vagas.

O Superintendente da Susepe, César da Veiga, destacou que existe um trabalho de inteligência e segurança visando reduzir e eliminar os índices de arremessos de ilícitos. Foram instaladas telas de contenção de arremesso na Pepoa, em função de identificação de que a entrada de materiais proibidos se dá, principalmente, por arremessos provenientes de drones ou outros métodos, acrescenta ele. A Susepe investiga se o material apreendido agora foi introduzido na prisão antes da instalação das telas.

A Seapen e a Susepe projetam também instalações futuras de scanners corporais e bloqueadores de celulares.

Em 2019, a Seapen e a Susepe realizaram, em todo o sistema prisional do RS, 128 operações pente-fino, 98 delas com participação do Grupo de Ações Especial da Susepe (GAES). A média é de uma a cada três dias. Em todas foram localizados materiais ilícitos.

De acordo com o Secretário da Seapen, Cesar Faccioli, existem dois propósitos nesse tipo de intervenção.

—Trabalhamos no sentido de reduzir ao máximo a entrada de materiais ilícitos. Mas, quando isso não é possível, atuamos para ter uma pronta resposta. Nossa meta é garantir a presença plena do Estado nas unidades prisionais, resultando em maior segurança para a sociedade gaúcha, para os servidores e para os próprios apenados — destacou.



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