Indicadores da violência
Homicídios e latrocínios têm queda em janeiro no RS, mas casos de feminicídio mais do que triplicam
Foram 10 mulheres assassinadas no Estado no mês passado, contra três no mesmo período de 2019
Os índices de criminalidade do primeiro mês de 2020 acendem um alerta para a violência contra a mulher. Enquanto os casos de homicídios e latrocínios tiveram queda em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2019, o número de feminicídios — quando as mulheres são assassinadas por questões de gênero — cresceu 233,33%.
Foram 10 casos de feminicídio em janeiro de 2020 contra três em janeiro do ano passado, conforme indicadores divulgados na manhã desta segunda-feira (10) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Os crimes ocorreram em Porto Alegre (dois), Erechim, Parobé, São Leopoldo, Campo Bom, Canela, Nova Petrópolis, Torres e Venâncio Aires.
Para a delegada Cristiane Ramos, que responde temporariamente pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), não há um fator determinante para o aumento do número de feminicídios. Segundo a delegada, este tipo de crime está inserido em um contexto cultural de desvalorização da mulher por seu gênero.
— O feminicídio é um fenômeno social que não tem a ver com outros indicadores. Depende muito da rede de proteção. O que a gente percebe é que, no fim do ano, há um aumento do convívio familiar, e aumento de violência contra a mulher de forma geral. Mas, para explicar o feminicídio, é difícil encontrar uma causa — explica.
Conforme a delegada, apenas uma das mulheres assassinadas contava com medida protetiva concedida pela Justiça, o que significa que não foi possível colocar em prática ações preventivas quando os casos chegaram às autoridades. Dos 10 casos, em sete a vítima tinha relacionamento íntimo com o agressor:
— Com exceção da que tinha medida protetiva, as outras não tinham sequer ocorrência policial. O que pode ter havido nestes casos? Já existia uma situação de violência que foi aumentando e ela nunca conseguiu romper.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Junior, afirmou que a pasta irá ampliar as ações de prevenção contra os feminicídios. Como medidas, citou as patrulhas Maria da Penha, realizadas pela Brigada Militar, e as delegacias de atendimento à mulher.
— Vamos intensificar cada vez mais ações com o objetivo de evitar essa prática criminosa — disse.
As denúncias têm papel considerado fundamental para o combate a este tipo de crime. O pedido de ajuda pode ser feito pelas próprias vítimas ou por parentes, amigos e vizinhos. As denúncias podem ser feitas por meio do Disque 100 ou pelo 180. Também é possível comunicar um crime pela internet, no site da SSP, no Denúncia Digital 181 (veja abaixo lista de locais para procurar ajuda).
No ano passado, a Polícia Civil lançou o programa Sala das Margaridas, que tem implantado espaços de acolhimento especializado e individual para vítimas de violência em Delegacias de Polícia de Pronto-Atendimento. O ambiente conta com profissionais capacitados para lidar com este tipo de relato.
O ano de 2019 fechou com diminuição do número de feminicídios. Foram cem casos de janeiro a dezembro do ano passado, contra 116 em 2018 — queda de 13,79%.
Homicídios e latrocínios
Quando são analisados os casos de homicídios e latrocínios (roubo com morte), os dados de janeiro de 2020 trazem uma boa notícia para a segurança pública gaúcha. Os dois índices tiveram queda, seguindo a tendência apontada na comparação entre 2019 e 2018.
O número de homicídios caiu 36,68%: foram 145 casos em janeiro deste ano, contra 229 no mesmo mês de 2019. Conforme a SSP, é o melhor resultado desde 2007, quando foram registrados 138 casos.
Quando analisados os dados referentes apenas a Porto Alegre, a redução é ainda maior: chega a 50%. O número de homicídios, que havia chegado a 46 na Capital em janeiro de 2019, caiu para 23 em janeiro deste ano.
Já o número de latrocínios no Estado caiu de sete em janeiro do ano passado, para cinco em janeiro deste ano — queda de 28,57%. Os cinco casos foram registrados em Viamão (dois), Cachoeirinha, Pelotas e Salto do Jacuí.
Em Porto Alegre, não houve nenhum caso em janeiro de 2020, nem no mesmo período de 2019.
Outros indicadores
Roubos e furtos
Os indicadores de criminalidade também apontam queda no número de roubos, que passou de 5.765 em janeiro do ano passado para 5.032 no primeiro mês de 2020 — redução de 12,71%. Já o número total de furtos caiu 17,71%, passando de 10.424 para 8.577.
Em relação a crimes envolvendo veículos, houve redução de 26,32% nos roubos, que passaram de 1.204 para 887. Já os furtos de veículos tiveram leve alta de 0,84% — o número saltou de 1.063 para 1.072.
Ataques a banco
Ataques a bancos e a comércio e ocorrências envolvendo transporte coletivo também tiveram redução em janeiro deste ano.
A soma de casos de roubos e furtos envolvendo agências bancárias passou de oito para quatro, queda de 50%. Já os registros de roubos e furtos a estabelecimentos comerciais caíram de 715 para 609 no período, redução de 14,82%.
Os casos de roubos a transporte coletivo tiveram redução significativa, de 47,87% — o número de registros caiu de 188, em janeiro de 2019, para 98 em janeiro de 2020. Os dados referem-se a ocorrências envolvendo passageiros e motoristas de ônibus e lotações.
Saiba onde vítimas de violência doméstica podem pedir ajuda
Brigada Militar
Telefone: 190
Horário: 24 horas
Polícia Civil
Endereço: Delegacia da Mulher de Porto Alegre (Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia), bairro Azenha. As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há 23 DPs especializadas no Estado.
Telefone: (51) 3288-2173 - 3288-2327 - 3288-2172 ou 197 (emergências)
Horário: 24 horas
Defensoria Pública
Endereço: Unidade Central de Atendimento e Ajuizamento (Rua Sete de Setembro, 666), ou Centro de Referência em Direitos Humanos (Rua Siqueira Campos, 731), ambos no Centro Histórico.
Telefone: (51) 3225-0777 ou pelo Disque Acolhimento 0800 644 5556
Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h (nos meses de janeiro e fevereiro, o atendimento nas segundas-feiras é das 12h às 19h e, nas sextas-feiras, das 8h às 15h)
Ministério Público
Endereço: Promotoria Especializada de Combate à Violência Doméstica e Familiar - no Instituto de Previdência do Estado (IPE) do RS, na Avenida Borges de Medeiros, 1.945
Telefone: 51-3295-9782 ou 3295-9700.
Horário: 12h às 19h de segunda à quinta-feira e sexta-feira das 8h às 15h. Após o Carnaval, atendimento é das 8h30min ao meio-dia e das 13h30min às 18h
Judiciário
Juizado Especial da Violência Doméstica e Familiar (Rua Márcio Luiz Veras Vidor, 10), Sala 511 ou 512
Telefone: (51) 3210-6500
Horário: de segunda-feira à sexta-feira das 9h às 18h
Centro de Referência Vânia Araújo Machado
Endereço: Travessa Tuyuty, 10 - Loja 4 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS
Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h
Telefone: (51) 3252-8800 ou 3286-7375
Escuta Lilás
Telefone: 0800-541-0803
Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h.
Disque-Denúncia
Telefone: 180
Horário: 24 horas
Centro de Referência Márcia Calixto
Endereço: Rua dos Andradas, 1643, sala 301
Telefone: (51) 3289-5110
Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 12h, e das 13h30min às 18h.
Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores
Endereço: Avenida Loureiro da Silva, 255 - Centro Histórico/ 3º andar, Sala 328
Telefone: (51) 3220-4358 - 3220 4302
Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30min às 18h
Casa de Referência da Mulher - Mulheres Mirabal
Endereço: Rua Souza Reis, 132, bairro São João.
Telefone: (51) 3407-6032 (para doações como roupas, alimentos, até móveis para casa) e para acolhimentos e abrigamento entrar em contato pelo 51 9108-0562 ou pelo e-mail mulheresmirabal@gmail.com
ONG Themis
Mantém unidades de Serviço de Informação à Mulher (SIM) em quatro bairros de Porto Alegre:
Eixo Baltazar
Endereço: Rua Baltazar de Oliveira Garcia, 2.132, sala 657 e 658
Horário: terça e sexta-feira, das 9h até as 17h
Lomba do Pinheiro
Endereço: Estrada João de Oliveira Remião, 4.444 (Paróquia Santa Clara)
Horário: segunda-feira (quinzenal) das 13h30 até as 17h30
Restinga
Endereço: Rua Engenheiro Oscar Oliveira Ramos, 1411
Horário: segunda-feira, das 9h até as 17h
Cruzeiro
Ainda não tem sede, mas realizada ações itinerantes