Nova regra
Alteração no regulamento da Brigada Militar permitirá esmaltes coloridos para tropa feminina
Norma atual vetava cores escuras ou tons róseos e gerou situações constrangedoras na corporação
Uma alteração no regulamento da Brigada Militar (BM) permitirá que policiais mulheres usem tons coloridos de esmalte em serviço. A atual norma interna só autoriza tons neutros ou incolores, o que gera reclamação na tropa feminina. São aproximadamente 3 mil policiais militares mulheres no Rio Grande do Sul.
— Se tinha um aniversário ou formatura para ir no final de semana, precisava tirar a cor no domingo, porque segunda poderia ser repreendida — contou uma policial ouvida por GaúchaZH.
Uma outra PM — que pediu para não ser identificada — contou que já foi cobrada por um superior para tirar o tom mais escuro da unha e teve de improvisar.
Com a alteração prevista pela BM, que deve ser publicada até o final de março, serão permitidos tons vermelhos, rosas e pretos — excluindo somente cores neon.
À frente do projeto, a chefe do Estado-Maior da Brigada Militar, coronel Cristine Rasbold, explicou que o objetivo é fazer com que as mulheres policiais não precisem deixar de lado "aspectos que consideram importantes da feminilidade". A ideia é que a policial tenha o poder de escolher se deseja usar o esmalte, e não a corporação definir por elas.
— É um pequeno resgate, um tema simples, mas significativo para nós. Poder usar um tom vermelho, rosa mais intenso, é algo que não vai afetar a competência e a nossa qualificação para o serviço, mas vai reforçar o sentimento de pertencimento da policial à Brigada Militar — comentou Cristine, atual número três da hierarquia da corporação.
O tema já foi tratado com o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr, que aprovou a alteração. Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o oficial publicou em seu Instagram a foto de uma mulher com unhas vermelhas comentando que previa mudanças no regulamento. "Às policiais militares, fica a dica", brincou o número um da BM.
No quartel do Comando-Geral da BM, algumas policiais já estão usando os tons mais escuros sem reclamações. A brincadeira no ambiente de trabalho é de que o regulamento já está funcionando, ainda que em regime liminar.
Integrante da primeira turma de brigadianas, em 1986, a chefe do Estado-Maior está ouvindo recomendações de policiais para preparar outras alterações também para a tropa feminina. É analisada uma mudança na farda de mulheres grávidas, desenhada há muitos anos e considerada defasado.
Mudanças históricas
Mulher pioneira em diversos momentos da história da Brigada Militar, como o próprio cargo que ocupa — ela é a primeira a integrar a cúpula da corporação —, a coronel lembra que antigamente só homens poderiam fazer patrulhamento nas ruas. Hoje, mulheres podem integrar qualquer unidade policial, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope):
— No que diz respeito às mulheres, tudo teve de ser construído. Tivemos de criar referencial. Era uma brigada de 150 anos, onde só tinham homens.
Para ela, o momento de montar referências femininas terminou na BM e agora é hora de as policiais mulheres ocuparem cada vez mais espaços.