Feminicídio
Após corpo de suspeito ser encontrado, investigação de morte de motorista de aplicativo em Guaíba será encerrada
Testemunha confirmou ter visto momento em que homem se feriu com faca e caiu de ponte

A investigação sobre o assassinato de Jennifer Graboski, 25 anos, em Guaíba, na Região Metropolitana, na última terça-feira (23) será encerrada, após o corpo do suspeito do crime ser encontrado no fim de semana. Richard Adriano de Oliveira Silveira, 24 anos, vinha sendo procurado pelo crime. Para a Polícia Civil, o ex-companheiro matou a motorista de aplicativo a facadas e na sequência cometeu suicídio. Uma testemunha confirmou aos policiais ter visto o momento em que um homem se feriu com uma faca e caiu da ponte do Guaíba próximo ao vão móvel, no mesmo ponto em que a motocicleta do suspeito foi encontrada.
Na sexta-feira, enquanto ainda investigavam tanto a hipótese de o suspeito estar morto quanto dele ter fugido, a polícia ouviu uma testemunha que reforçou a possibilidade de óbito. A mulher contou que estava dirigindo, quando foi ultrapassada por um motociclista em alta velocidade e sem capacete, nas proximidades do vão móvel. Junto ao local onde Jennifer foi assassinada, em um posto de combustíveis de Guaíba, foram deixados a faca e o capacete.
— Ela relatou que viu o momento em que ele abandonou a moto em cima da ponte e fez um movimento compatível com uma facada no peito. E teria caído no rio. Ele não teria pulado e, sim, caído, como se tivesse perdido os sentidos — explica a delegada Karoline Calegari, que investiga o feminicídio.
A partir desse relato, a polícia decidiu acionar o Corpo de Bombeiros. Os mergulhadores passaram a vasculhar o ponto onde a motorista afirmava ter visto o homem cair da ponte. Sem visibilidade, os chamados homens-rãs usam o tato e a orientação de outro bombeiro, do lado de fora, para fazer a procura.
— As condições ali são muito adversas, não há visibilidade e estava muito frio. Além disso, havia muito entulho naquele ponto, o que dificultou as buscas porque eles se guiam pelo tato. Não foi possível localizar o corpo naquele momento. Mas foi interessante porque os bombeiros nos informaram que, pelo tempo que havia passado, o cadáver deveria emergir no domingo. E foi o que aconteceu — explica a delegada.
Na manhã deste domingo (28), um corpo foi encontrado flutuando próximo da Ilha do Pavão. Ele foi reconhecido como sendo o suspeito. Segundo a delegada, havia pelo menos quatro marcas de perfurações no peito da vítima e ferimentos no rosto. Ela acredita que os machucados tenham sido provocados por ele mesmo, com a faca, e também pelos entulhos na água.
Para a investigação, Silveira perseguiu a ex, a atacou dentro do carro dela, com pelo menos 10 facadas, e depois fugiu até a ponte. O caso deverá ser encerrado como feminicídio, seguido de suicídio.
— Ainda no posto de combustíveis, ele pediu que chamassem socorro para ele e para ela (Jennifer). Ou seja, ele já havia se ferido e, na ponte, novamente foi visto se auto lesionando. Por mais que não haja indiciamento, porque a punibilidade é extinta, ao menos podemos esclarecer para os familiares o que aconteceu. Isso é importante para as famílias inclusive elaborarem o luto — afirma Karoline.
A motorista de aplicativo havia recebido medida protetiva contra o ex no dia 10 de junho – menos de duas semanas antes do crime acontecer. A jovem havia obtido a ordem judicial, que determinava que ele não poderia se aproximar dela e nem fazer contato, após uma agressão. O casal havia mantido relacionamento por cerca de três anos e tinha uma filha.
Onde pedir ajuda
- Na BM, pelo 190
- Disque Denúncia, pelo 181
- No WhatsApp da Polícia Civil (51) 98444-0606
- Pela internet, no site da SSP (clique aqui)
- Pelo Disque 180