Novo rumo
Caso Rafael: Polícia Civil deve indiciar mãe por homicídio doloso
Em depoimento concedido no último sábado, Alexandra Dougokeski mudou a versão que vinha sustentando de que não teve intenção de matar o filho
Após novo depoimento de Alexandra Dougokeski, 33 anos, concedido no último sábado (27) à Polícia Civil, a investigação da morte de Rafael Mateus Winques, 11 anos, deve ser encaminhada para homicídio doloso — quando há intenção de matar. Ela mudou a versão que vinha sustentando até então, de que não teve intenção de matar o filho, em Planalto, no Norte do Estado.
— O inquérito tem robustez de provas suficientes para indiciá-la por homicídio doloso. Essa confissão vem confirmar exatamente o que estávamos detectando — assegurou o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, Eibert Moreira Neto, em coletiva de imprensa após o depoimento.
Eibert destacou que a Polícia Civil descartou a participação de mais uma pessoa no crime.
Segundo o delegado, a investigação aponta que Alexandra era uma pessoa extremamente perfeccionista e metódica, que gostava de dominar a situação com os filhos e as pessoas do convívio dela.
— Tudo aquilo que saía da normalidade, que corria fora das regras estabelecidas por ela, se tornava uma situação de extremo incômodo. Detectamos isso especialmente no dia da reprodução simulada dos fatos, observando o comportamento dela. Quando nos demos conta de que a conduta dela era essa, focamos a investigação no comportamento dela — disse Eibert.
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito policial será finalizado nos próximos dias.
— Nossa prova é robusta, nós fizemos um levantamento muito preciso da conduta dela. Isso estava nos levando para a conclusão da motivação. Com isso, nós encerramos esse trabalho. O inquérito continua tramitando. Nós tivemos uma mudança de patrocínio da defesa durante o procedimento. Agora, novos patrocinadores irão ingressar nos autos e farão suas manifestações no sentido de dar o acompanhamento ao inquérito policial — atestou Eibert.
Sobre novos patrocinadores, o delegado se referia à troca de defesa de Alexandra: o advogado Jean Severo deixou o caso durante o depoimento, e ela optou pela Defensoria Pública. Na última segunda-feira (22), Alexandra, teve a prisão temporária prorrogada por mais 30 dias.
Novo depoimento
Alexandra disse aos investigadores que, por volta da meia noite do dia 15 de maio, deu dois comprimidos de Diazepam ao filho, após tê-lo repreendido por passar diversas noites em claro mexendo no celular. O objetivo da mãe era que o menino dormisse. Alexandra foi para cama. Porém, por volta das 2h, ela acordou, retornou ao quarto e Rafael ainda estava acordado, mesmo após a ingestão do medicamento:
— Naquele momento, ela perdeu o controle da situação e resolveu de fato estrangular ele. Porque ele estava de forma reiterada desobedecendo as suas ordens. Fica extremamente claro como ela fez, diferentemente de tudo o que ela tinha dito até então. Dessa vez, ela contrapôs a versão dada na reconstituição e também no primeiro depoimento. Além disso, trouxe claramente a motivação — detalhou o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, Eibert Moreira Neto em coletiva de imprensa após o depoimento.
Na nova versão, Alexandra diz que, ao perceber que o filho estava acordado, ela foi até a área de serviço, pegou a corda, preparou a laçada e voltou até o quarto para asfixiá-lo. O menino se debate, cai no chão e sofre uma lesão na costela, confirmada pelo laudo de necropsia.
— Ela diz que quando deu o laço, o menino asfixiou e caiu. Quando ele cai, ela sai do quarto e deixa ele asfixiando. Depois de um tempo ela retorna e vê que ele desfaleceu. Ela então vai ao quarto dela, pega uma sacola plástica, pois não consegue olhar para o rosto dele. Com essa sacola, cobre o resto do menino, pega ele no colo e transporta até a casa vizinha, onde sabia que tinha uma caixa — relatou Eibert.
No início da última terça-feira (23), GaúchaZH adiantou que a polícia já tinha elementos para acreditar que Alexandra havia usado a corda para estrangular o Rafael na cama. Até então, a mãe dizia que não teve intenção de matar o filho e que havia usado a corda para transportá-lo até a casa do vizinho, onde o corpo foi encontrado.
A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul assumiu a defesa técnica da suspeita. O dirigente do Núcleo de Defesa Criminal (Nudecrim), defensor público Andrey Regis de Melo e a dirigente do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), defensora pública Liseane Hartmann, responderão pelo caso.