Crime em Planalto
Defesa da mãe de Rafael entra com pedido de revogação da prisão temporária
Advogado diz que medidas cautelares poderiam ser adotadas em vez da detenção em presídio
A defesa de Alexandra Dougokenski, 33 anos, detida desde 25 de maio pela morte do filho caçula, Rafael Winques, 11 anos, em Planalto, no norte do Estado, aguarda a análise de um pedido de revogação da prisão temporária encaminhado à Justiça na sexta-feira (19).
O advogado da mulher, Jean Severo, afirma que a solicitação tem como base o fato de a investigação ter avançado “sem concluir coisa alguma”, na sua avaliação, contra a cliente. Para o defensor, o crime de Alexandra — que admite ter provocado a morte do menino de forma não intencional ao exagerar na dose de uma medicação — deve ser interpretado como homicídio culposo com pena de um a três anos “e sem possibilidade de prisão preventiva”.
Severo sustenta ainda que a mãe do garoto estaria enfrentando dificuldades no Presídio Feminino de Guaíba:
— Ela está sofrendo uma pressão muito grande no presídio, das próprias presas, se alimentando mal, porque a polícia já havia dito, de forma irresponsável, em um primeiro momento, que (a morte) havia sido por asfixia.
O advogado afirma que concordaria com a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares, prisão domiciliar ou uso de tornozeleira, por exemplo. Conforme Severo, o pedido encaminhado à Justiça está sob vista do Ministério Público.
— Espero que saia uma decisão por volta de segunda-feira (22) — diz Jean Severo.
Na quinta-feira (18), Alexandra participou de uma reconstituição para simular o assassinato de Rafael. A perícia foi concluída por volta da meia-noite, após seis horas de trabalho. o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Joerberth Nunes, declarou que a polícia procura esclarecer contradições entre os depoimentos da mãe e do filho mais velho, de 17 anos, a respeito do crime.
O que se sabe sobre o caso
A mãe de Rafael está presa desde 25 de maio, quando confessou o crime. Em 15 de maio, Alexandra procurou o Conselho Tutelar e a Polícia Civil. Ela afirmou que o filho caçula tinha saído de casa durante a madrugada e desaparecido. O sumiço do menino mobilizou a região.
Dez dias depois, Alexandra confessou à polícia ter matado o garoto. A mulher indicou aos policiais o local onde estava escondido o corpo: dentro de uma caixa de papelão na garagem de uma casa vizinha ao local onde o menino morava com a mãe e o irmão.
Alexandra alega que matou o filho por acidente, ao exagerar em uma medicação. A mulher diz que o menino estava agitado e não queria dormir. Por isso, teria dado a ele dois comprimidos de diazepam que provocaram sua morte. Ela afirma que, depois disso, carregou o corpo até a casa vizinha, que estava vazia porque os moradores haviam viajado.
A polícia suspeita dessa versão e apura se ela realmente cometeu o crime sozinha, como alega. Uma perícia inicial apontou que o menino teria sido morto por asfixia mecânica.