Polícia



Mistério

O que se sabe e o que ainda é dúvida no caso do adolescente morto com 120 tiros em Santo Antônio da Patrulha

Para polícia, Bruno Michaelsen da Silva, 15 anos, foi levado até o Litoral Norte para ser executado

30/07/2020 - 12h22min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Bruno Michaelsen da Silva / Arquivo Pessoal
Bruno saiu de casa na madrugada do dia 19 de julho e foi encontrado morto horas depois

Uma das certezas que a polícia tem sobre o caso envolvendo a morte de um adolescente em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, é de que ele foi levado ao local para ser executado. Bruno Michaelsen da Silva, 15 anos, morava com a família em Gramado, na Serra, a 70 quilômetros da área rural onde foi assassinado. Em uma cena brutal, pelo menos 120 tiros foram disparados no local. Mas a motivação do crime e a autoria ainda estão permeadas de dúvidas, que estão sendo esclarecidas pela investigação. Nesta semana, a equipe receberá o reforço de agentes.

A forma como se deu o assassinato, com emprego de armas como pistolas de calibres 9 milímetros e .40, além de fuzil calibre 556, reforça a linha de que o homicídio possui vínculos com o crime organizado. A própria família do adolescente acredita no envolvimento de alguma facção criminosa, pela brutalidade do caso. O local escolhido para a execução é uma área rural, pouco habitada, o que dificulta a localização de testemunhas.

— Tomara que consigamos chegar à autoria e prender esses criminosos que cometeram esse crime tão terrível — afirma o delegado Valdernei Tonete, de Santo Antônio da Patrulha.

A investigação está sendo realizada em parceria com os investigadores de Gramado, por conta do local onde o garoto residia. A polícia ouviu nos últimos dias familiares e outra pessoas próximas de Bruno, como a namorada dele, também adolescente, para tentar desvendar o que está por trás da execução.

— Estamos entendendo os vínculos dele e recebendo informações anônimas, filtrando essas informações e repassando tudo para a equipe Santo Antônio da Patrulha, para que eles avaliem o que é pertinente à investigação. Estamos coletando tudo que chega ao nosso conhecimento — afirma o delegado Gustavo Barcellos, da delegacia de Gramado.

Entenda o que se sabe e o que ainda é dúvida no caso:

Quando o adolescente sumiu?

Na madrugada de 19 de julho, ele saiu de casa por volta da 1h30min e não chegou a dizer aos pais, que já estavam deitados, onde estava indo. Os familiares acreditaram que ele havia ido até um amigo, vizinho da família. Mas como não retornou, na manhã seguinte começaram as buscas por ele. O corpo foi localizado durante a manhã, no Litoral Norte.

Como a vítima chegou até Santo Antônio da Patrulha?

A polícia acredita que o adolescente tenha sido levado até o local em algum veículo, para ser executado. Moradores relataram aos familiares que naquela madrugada o adolescente foi visto nas proximidades de casa, parado na rua. Questionado sobre o que estava fazendo ali, teria dito que aguardava por alguns amigos, e na sequência teria embarcado em um veículo branco.

Por que a execução se deu naquele local?

Isso ainda está sendo apurado, mas uma das hipóteses é que a localidade de Pinheirinhos, próximo do limite de Santo Antônio da Patrulha com Rolante, tenha sido escolhida por ser área erma. Trata-se de uma zona rural, sem residências próximas e sem câmeras de segurança, o que dificultaria que alguém ouvisse os tiros ou algo fosse registrado. A polícia acredita também que cometer a execução longe de Gramado, onde a vítima morava, possa ter sido uma estratégia dos criminosos para tentar dificultar a investigação.  Bruno foi abandonado morto sem documentos, sem o celular e com disparos no rosto, o que poderia dificultar inclusive a identificação — a família reconheceu o adolescente por uma tatuagem.

Por que foram disparados tantos tiros?

O número de disparos é um dos pontos que chama a atenção no caso. Há inclusive a possibilidade de que mais tiros tenham sido efetuados —  o número se baseia na quantidade de cápsulas encontradas. Ainda não se sabe quantos disparos atingiram efetivamente o adolescente. Sem dar detalhes da linha de apuração, o delegado regional do Litoral Norte, Heraldo Guerreiro, confirma possível envolvimento do tráfico no crime.

— Neste contexto, infelizmente esses desfechos ocorrem. O número de tiros é em virtude de uma situação. Isso tudo tem uma causa, um motivo — afirma.

Quantas pessoas participaram do crime?

Ainda não se tem essa resposta, mas o número de disparos e armas utilizadas indica o envolvimento de mais de uma pessoa. A polícia não informa se já há suspeitos identificados.

O que motivou a execução?

Esta é a principal dúvida dos familiares do adolescente, que ainda está sendo respondida pela polícia. Segundo o delegado Joerberth Nunes, do Departamento de Polícia do Interior (DPI) há uma linha de investigação traçada, mas os detalhes não serão divulgados até que ela avance.  

Quais os próximos passos da investigação?

A polícia confirma que segue ouvindo pessoas e verificando informações anônimas recebidas sobre o caso, mas não fornece mais detalhes. 


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