Sexta vez
Escola do bairro Restinga é alvo de série de furtos durante interrupção das aulas pela pandemia do coronavírus
Caso mais recente foi descoberto na manhã desta segunda-feira
Responsável por atender 1,2 mil alunos no bairro Restinga, em Porto Alegre, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Senador Alberto Pasqualini vem sofrendo com série de furtos nos últimos dois meses. Na manhã desta segunda-feira (3), mais um foi descoberto — teria acontecido durante o fim de semana.
Esta é a sexta vez que o prédio vira alvo de criminosos durante o período em que as aulas presenciais estão suspensas em razão da pandemia do coronavírus. Os ladrões já levaram parte da fiação elétrica, computadores e até mesmo o bebedouro usado pelos estudantes.
— Além de levar, eles ainda quebram as coisas, destroem. Para nós, está sendo bem difícil. Imagina, até o bebedouro — indigna-se a aposentada Rosane Barreto, 58 anos, que faz parte do Conselho Escolar — ela tem um neto, de 11 anos, no 5ª ano.
O caso mais recente foi descoberto durante a manhã desta segunda-feira, quando foi levada parte da fiação próxima ao refeitório. Em junho, em um dos episódios, foi removido o ar condicionado que dava acesso à sala da supervisão escolar. Por ali, o ladrão ingressou no prédio e furtou o equipamento e computadores. O bebedouro, levado no segundo furto, também no mês passado, havia sido adquirido recentemente e ficava no pátio.
Nos outros episódios que se seguiram, assim como na semana passada, foram levados itens que ficam mais acessíveis, no lado externo, como fios, que foram arrancados, e luminárias. Por conta da fiação removida, o portão eletrônico da escola deixou de funcionar e algumas salas estão sem eletricidade. Mas o que mais preocupa a comunidade escolar é a possibilidade de que novos furtos aconteçam.
— Temos medo que eles possam retornar e levar ainda mais coisas. A cada arrombamento, é algo que se vai. São coisas adquiridas com sacrifício e que não há verba sobrando para recuperar — preocupa-se Rosane.
Impacto
Mãe de um adolescente e de uma menina que estudam na escola, Marlise Padilha, 36 anos, também lamenta os episódios. Ela diz que o apoio da instituição vem sendo essencial, mesmo no período de distanciamento social, para manter o ensino dos filhos. A estudante de Pedagogia relata que a Igreja Batista, que frequenta no bairro, também foi alvo de furto da fiação recentemente.
— São vários casos que vem acontecendo. Fico muito impactada. É uma escola que está dentro da comunidade. Tenho apoio muito grande da escola, especialmente com meu filho com autismo. Para mim, a escola faz toda a diferença. Mesmo durante a pandemia, eles ligam, querem saber como está. É muito triste acompanhar isso. É puro vandalismo, estão destruindo a escola — lamenta.
Marlise, que também integra o Conselho Escolar, afirma que os pais estão preocupados com os prejuízos causados pelos ataques à escola. Procurada pela reportagem, a direção da Escola Pasqualini informou que não está autorizada a repassar detalhes sobre os episódios sem autorização da Secretaria Municipal de Educação (Smed).
A secretaria afirmou, por meio da assessoria, que a mantém contato frequente com os órgãos de segurança e utiliza o Acesso Mais Seguro — metodologia desenvolvida pela Cruz Vermelha para manutenção de serviços públicos em áreas que sofrem com a violência e que envolve as escolas municipais e comunitárias de Porto Alegre. A Smed informou também que a Guarda Municipal realiza rondas nas escolas e atendeu o caso, indo até o local.
Os furtos foram registrados pela escola na Polícia Civil e, segundo o delegado Sílvio Huppes, responsável pela 16ª Delegacia de Polícia, os casos seguem sendo investigados.