Polícia



Inquérito militar

BM apura responsabilidade de PMs em morte de carona de motociclista em Canoas

Brigadianos perseguiram moto para abordagem, e prestaram socorro após queda, mas não comunicaram suposta colisão entre os veículos

09/09/2020 - 08h49min


Cid Martins
Enviar E-mail
Arquivo Pessoal da Família / Divulgação

Um Inquérito Policial Militar (IPM) do 15º Batalhão da Brigada Militar (BM) apura a morte de Cristopher Peixoto, 19 anos, sem antecedentes criminais. Ele morreu na quarta-feira da semana passada (2), durante atendimento hospitalar, após cair da carona de uma moto durante abordagem policial na madrugada do dia 31 de agosto.

Os dois PMs que estavam em uma viatura logo atrás da moto prestaram socorro, mas não comunicaram aos superiores que o veículo tinha sido danificado. Após a morte do jovem, o advogado da família de Peixoto divulgou imagens que indicam uma colisão entre os veículos.

De acordo com o tenente-coronel Jorge Dirceu Filho, comandante do 15º Batalhão, os dois militares viram atitude suspeita em uma moto de um grupo de quatro veículos, sendo que em três delas havia três casais e, na quarta, dois amigos. Nesta última moto, na Avenida Florianópolis, bairro Mathias Velho, em Canoas, estavam Peixoto e um amigo.

O piloto, que também não tem passagem pela polícia, mas que não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH), teria mudado o caminho após ser avisado por Peixoto que uma viatura se aproximava deles. Ele seguiu por cerca de 10 quadras até ocorrer a queda e a batida em um poste.

Os PMs, que seguiam atrás deles, prestaram socorro, acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e registaram ocorrência sobre o fato. O que eles não relataram, segundo o tenente-coronel Dirceu, foi o fato de o para-choque da viatura estar danificado.

— Como é de praxe, a próxima guarnição, ao usar a viatura, verificou arranhões no para-choque, nada grave, mas comunicou o fato e já instauramos procedimento administrativo. Além disso, os PMs envolvidos na ocorrência, assim como todos, estão em alerta devido a seguidos roubos a pedestres praticados por motociclistas e o objetivo era só verificar a situação em que os dois jovens se encontravam, uma abordagem como todas as outras — explica Dirceu.

Imagens

Logo após a morte de Peixoto, um advogado da família divulgou imagens sobre o fato, que indicam uma colisão. De imediato, Dirceu solicitou a instauração do IPM. Segundo ele, o objetivo é apurar se o piloto da moto perdeu o controle ou se a moto foi atingida pela viatura.

O oficial responsável pelo IPM já realizou perícia preliminar, já foi solicitado o trabalho do Insituto-Geral de Perícias (IGP) e foram obtidas novas imagens. Dirceu destaca que somente o resultado pericial poderá confirmar o que realmente causou a queda da moto, mas ressalta que as outras imagens deixam em dúvida se houve uma colisão. No entanto, ele garante transparência e que o IPM vai detalhar todos os fatos a serem encaminhados para a Justiça Militar.

O inquérito tem prazo de 40 dias e pode ser prorrogado por mais 20. No momento, testemunhas estão sendo acionadas para serem ouvidas. Depois, conforme recuperação, será ouvido o piloto da moto e, por último, os dois brigadianos.

A mãe do jovem que morreu, Mônica Peixoto, informou via WhatsApp que prefere não se manifestar mais sobre o assunto, e que só gostaria de ter o filho de volta. Ela ressaltou que o filho era cheio de sonhos, estava fazendo curso para ser bombeiro, e que participava de um centro de tradições gaúchas, principalmente porque gostava de cavalgar – ele, inclusive, tinha um cavalo.

GZH fez contato com o advogado da família e ainda aguarda retorno.

Entre o fim da semana passada e o feriado, amigos de Peixoto e outros motociclistas fizeram dois protestos, um deles em frente à companhia em que os dois PMs atuam. Eles foram recebidos pelo comandante local e ouviram que a investigação está apurando as responsabilidades.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias