Investigação
Mãe de adolescente diz que soube pela TV sobre festa de aniversário da filha em motel de Porto Alegre
Mulher falou na polícia nesta terça-feira, enquanto depoimento da jovem ainda é aguardado no Deca
Em depoimento na Polícia Civil, nesta terça-feira (8), a mãe de uma adolescente de 17 anos destacou que soube pela TV que a filha realizou uma festa de aniversário em um motel na zona norte de Porto Alegre. O evento foi encerrado pela Brigada Militar na madrugada do dia 31 de agosto ao encaminhar 18 adultos e quatro adolescentes para registro de ocorrência policial. Há duas investigações sobre o fato, uma sobre a possibilidade de algum tipo de crime contra os jovens e outra pela aglomeração em período de distanciamento social.
De acordo com a delegada Sabrina Teixeira, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima da Capital, a adolescente segue sendo esperada para explicações, já que ficou de depor na semana passada e não apareceu. Em depoimento, a mãe dela destacou que a filha saiu de casa por volta do meio-dia, no domingo do dia 30 de agosto, e só voltou em casa dia 1º de setembro, uma terça-feira.
— Estamos apurando tudo isso, já que a mãe também informou que é comum a filha passar dias fora. Inclusive, declarou que a adolescente disse que iria fazer uma festa simples com quatro amigas. Também nos chama a atenção que ela confirmou não ter condições de bancar o evento, portanto, alguém financiou — explica Sabrina.
Além de dizer que soube da festa da filha pela imprensa e que também não conhecia as pessoas que foram ao evento, a mulher confirmou que a adolescente negou o uso de drogas, mas confessou ter ingerido bebida alcoólica. A mãe revelou que desconhece se a filha tem namorado, muito menos se foi acompanhada ao motel.
Sabrina apura se os outros três adolescentes — um deles, de 13 anos, foi com a própria mãe à festa — também ingeriram álcool e quer saber quem forneceu. Um adulto, que teria levado as bebidas, irá depor nesta semana, assim como outro adulto que teria bancado financeiramente a festa. Além disso, ela quer saber qual a relação deles com a jovem. Várias imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas, mas nenhuma comprovou alguma irregularidade em relação aos adolescentes.
O inquérito do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) deve ser concluído na próxima semana e a 4ª Delegacia de Polícia, na zona norte, apura a questão da aglomeração e eventual responsabilidade do motel. Todos os 18 adultos e os quatro adolescentes respondem pelo grande número de pessoas em um mesmo local durante período de pandemia. Nomes não são divulgados pela polícia para não expor os adolescentes, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Um dos responsáveis pelo motel negou fornecimento de bebidas, fato que a polícia apurou, e confirmou que houve fiscalização sobre o ingresso de adolescentes e sobre o número de participantes. Os adolescentes, inclusive um deles confirmou à polícia, teriam entrado escondidos. A prefeitura não encontrou, até o momento, nenhuma irregularidade no local, que está com toda a documentação em dia.
Nota do motel
O advogado do motel, Marcelo Almeida Sant'Anna, sustenta que o estabelecimento não sabia da presença de adolescentes.
“Investigação deixou claro que o estabelecimento solicitou identificação de todas as pessoas, portanto, os menores ingressaram escondidos. Da mesma forma, não foi fornecida nenhuma bebida alcoólica e o frigobar permaneceu chaveado durante todo o tempo. Aliás, a empresa sequer sabia que seria realizada uma festa, já que a locação do espaço era apenas para um pernoite, o que é muito comum em razão da proximidade com o aeroporto. Fundamental esclarecer também que o espaço locado tem capacidade para 150 pessoas com diversos ambientes e o estabelecimento limita a 20 pessoas no máximo. Ainda, o padrão de funcionamento do motel está de acordo com as normas sanitárias”.