Litoral Norte
MP pede novos depoimentos sobre caso de homem que matou namorado da ex após ser agredido com relho
Polícia Civil indiciou o suspeito por homicídio, mas entendeu que ele agiu em legítima defesa. Crime aconteceu há cerca de um ano
Quase um ano após um morador de Santa Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, matar a facadas o homem que o atropelou e o agrediu com um relho, o caso foi para análise do Ministério Público (MP). Embora o tenha indiciado por homicídio, a Polícia Civil entendeu que o suspeito, atacado enquanto ia ao trabalho de bicicleta, agiu em legítima defesa.
O caso aconteceu em 24 de outubro do 2019, o inquérito foi remetido ao Judiciário em fevereiro deste ano, mas só chegou ao MP em 16 de setembro, devido à pandemia. Em nota, o MP informou que "assim que teve acesso aos autos, se manifestou e pediu diligências imprescindíveis para análise do caso e oferecimento da denúncia no que diz respeito às oitivas da ex-companheira e da filha do acusado."
O delegado Valdernei Tonete indiciou o homem por homicídio com a sinalização de que o assassinato aconteceu por defesa do suspeito. Em depoimento, o indiciado relatou que por volta das 6h45min de 24 de outubro, havia saído de casa para trabalhar. Após pedalar 140 metros pela Rua Alberto Pasqualini, no Loteamento Solar, foi atropelado por uma Belina. O veículo era conduzido por Ricardo Geraldo de Lima, 40 anos.
Na versão do suspeito — que não teve o nome divulgado —, ele teria caído da bicicleta e, no chão, passou a ser agredido com um relho que o condutor carregava. O relato foi confirmado por vizinhos que viram a cena. O homem diz que, em seguida, sacou uma faca que carregava em uma bolsa e reagiu contra o agressor. Lima morreu no local. Após o fato, o próprio suspeito ligou para a Brigada Militar e relatou o que tinha acontecido. Na sequência, repetiu a versão na delegacia.
— O autor foi indiciado por homicídio, não tem como a polícia não fazer isso. Não se pode deixar de indiciar, porque houve um crime e ele matou alguém. Mas a manifestação do delegado é que agiu em legítima defesa. Tanto que na época do fato, nem sequer foi preso em flagrante visto que o próprio autor chamou a polícia e aguardou no local. Neste momento, está em liberdade pois a polícia entendeu que agiu em legítima defesa e não tinha antecedentes. Não é um criminoso, mas é o juiz vai dizer se ele será condenado ou não —explica o delegado regional Heraldo Chaves Guerreiro.
Exames médicos de corpo de delito comprovaram as marcas das agressões de Lima no corpo do suspeito. Até o momento do ataque, o morador conta que nunca havia visto Lima, embora fosse namorado de sua ex-mulher, de quem havia se separado quatro meses antes do crime. Lima atuava como operador de máquinas na Secretaria de Obras, Trânsito e Segurança de Santo Antônio da Patrulha. Em outubro de 2019, justificou a reação em conversa com GZH:
— Fui atacado. Fiz o que fiz e me entreguei. Não tinha o que mentir. O que passava pela minha cabeça era matar ele para ele não me matar. Estava me acertando, fui obrigado a reagir. Acertei nas costas dele, aí ele caiu. A intenção dele era me matar. Ele foi para me matar. Nunca tinha o visto na minha frente.