Orla do Guaíba
"O que eu vi não foi um acidente, foi um crime", diz mulher sobre atropelamento de ciclista em Porto Alegre
Funcionária pública corria na Avenida Beira-Rio na manhã de domingo, quando Matheus Kowalski, 37 anos, foi atingido por um veículo
Funcionária pública, uma moradora de Porto Alegre afirma ter presenciado o atropelamento do ciclista Matheus Kowalski, 37 anos, no último domingo (25), na orla do Guaíba. Betânia Braun, 43, que costuma frequentar a Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, para se exercitar, descreve o que viu como “um crime”. Após atingir o fisioterapeuta, que teve fratura em um dos braços e segue hospitalizado, o condutor fugiu sem prestar socorro.
Betânia diz que saiu de casa para praticar corrida por volta das 7 horas e seguiu em direção à orla do Guaíba. A funcionária pública conta que costuma frequentar o local quase todo fim de semana. O lado onde ela estava correndo, em direção à Zona Sul, estava fechado para o tráfego de veículos. Havia movimento de outras pessoas correndo e de ciclistas, mas o trânsito estava calmo.
— Estava sozinha e ele foi atropelado no lado oposto do qual eu estava correndo. Vi de frente. Foi surreal. O que eu vi não foi um acidente. Foi um crime. Me senti assim, presenciando um crime. O ciclista estava sozinho, ele já tinha passado a sinaleira do Beira-Rio, e o carro vinha sozinho na pista, não tinha fluxo de carros. Tinha muito espaço para andar. Ele simplesmente veio a mil e freou, mas parecia que estava freando para assustar. E ele arrebatou o ciclista. O ciclista caiu e começou a gritar de dor. E o carro fugiu — relata.
Betânia conta que conseguiu identificar o veículo como um Fox vermelho, mas não tinha celular com ela no momento para gravar o carro. Ela também não sabe precisar quantas pessoas havia dentro do veículo. A funcionária pública diz que atravessou a via e foi prestar socorro para Kowalski. O ciclista teve fratura no braço esquerdo — ele passou por cirurgia nesta terça-feira (27) e deve permanecer hospitalizado até o fim desta semana. A estimativa é de que sejam necessários seis meses para sua recuperação.
— Nunca havia presenciado nada assim. É muito chocante ver uma pessoa fazer isso e fugir. Não foi o caso de ele não ver o que fez. Ele foi na direção do ciclista, atropelou, viu tudo e saiu. É muito triste presenciar isso. Atravessei a rua e fui até ele, até para ver se estava vivo. Não conhecia ele, não conheço ele. Fico pensando em como ele vai se restabelecer, o tempo que vai ficar sem trabalhar. Mas eu estou na torcida para que a justiça seja feita. E que essa pessoa seja identificada e nunca mais faça isso com ninguém. Friso: isso não foi um acidente e não pode ficar impune — diz Betânia.
A testemunha diz que deixou seu contato de telefone no local, com outros ciclistas. Mas até a tarde desta terça-feira (27) não havia sido chamada para prestar depoimento na polícia. A vítima deverá ser ouvida após deixar o hospital.
— Ele estava com uma arma que pode matar, que é o carro. Não tinha porque fazer aquilo. O ciclista não estava no meio da pista. Ele procurou o Matheus para fazer aquilo. Isso foi chocante. A gente se coloca no lugar, imagina sair de casa para fazer exercício, acordar cedo, pensando na tua saúde, indo num local que é de fazer exercício. De repente vem alguém e te arrebata. Ainda estou com aquela cena na minha cabeça — diz.
Investigação
Segundo o delegado Carlo Butarelli, da Divisão de Delitos de Trânsito do Departamento de Homicídios, foram solicitadas imagens de câmeras do trajeto. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que está prestando apoio à Polícia Civil com o rastreamento das câmeras de monitoramento do cercamento eletrônico da Capital.
As imagens são consideradas essenciais pela polícia para chegar à identificação do veículo e de quem estava conduzindo o carro. Essa pessoa será intimada para prestar depoimento. A polícia também deve ouvir outras pessoas que testemunharam o atropelamento.